sábado, 21 de fevereiro de 2009

Acerca da crise II

“A questão essencial para o sistema (capitalista) no actual quadro, é qual o grau de destruição que seria necessário das forças produtivas existentes, para repor a valorização do capital ao nível que permitisse iniciar um novo ciclo longo de acumulação de capital? O risco da guerra cresce como saída do sistema para a crise que atravessa. Esta foi aliás a «solução» encontrada para a Grande Depressão dos anos 30 – o nazi-fascismo e a segunda guerra mundial.

A actual crise põe em evidência os limites históricos do sistema capitalista, o seu cariz predador e opressor, gerador de desigualdades e que deixa milhões de seres humanos longe da satisfação das suas necessidades básicas, apesar dos enormes avanços científicos e técnicos. Onde cada vez mais são postos em causa os direitos humanos, nomeadamente os direitos económicos e sociais. Como os inscritos na Declaração Universal dos Direitos do Homem (…).

E é no contexto da crise, que o sistema na sua resposta tradicional, de destruição de uma massa de forças produtivas, fará pressão para novas reduções de direitos, nomeadamente laborais, em nome da gestão da crise, cujos custos recaíram novamente sobre os mesmos – quem trabalha. A questão não pode ser de romper com os direitos para gerir a crise, mas sim afirmar e reforçar os direitos para vencer a crise e romper com o sistema. A ofensiva de classe vai agudizar-se. As saídas destrutivas do sistema são um risco hoje para toda a Humanidade. Esta é a urgência da nossa época, a superação do capitalismo.”


Pedro Carvalho, Economista in Diario.info

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Tiques...

“A sátira ao computador Magalhães, que tinha sido ontem censurada por conter “conteúdo pornográfico”, afinal vai estar presente do “Monumento” do Carnaval de Torres Vedras.”
Público - 20.02.2009

Esta noticia que parece não ter grande importância e até de certa forma se enquadrar no espírito burlesco da época, revela algo mais perigoso que com este governo do PS/Sócrates se tem agravado, que são as sucessivas tentativas de censura e de intimidação dos diversos sectores da sociedade, sejam eles opositores politicos, professores, funcionários públicos, trabalhadores, sindicalistas, estudantes, bloguers…

Começa a ser perigoso este tique autoritário que a sociedade portuguesa ganhou com este “Engenheiro”, ligado a tantos casos mal explicados.

A razão da fome no mundo.

“Para alimentar a população que se adivinha existir em 2050, bastaria usar com eficiência o que hoje o planeta já produz” (…) disse, na terça-feira, Achim Steiner, director do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.”
Ana Fernandes, Público - 20.02.2009,

Esta constatação é mais um exemplo de que a razão da persistência da fome e da miséria, que “estupidamente” continuam a afligir o mundo, reside neste irracional sistema capitalista, que para sustentar a ganância, o lucro irracional, obriga a que milhões de homens, mulheres e crianças sofram para que uns tantos se deleitem com os seus obscenos luxos.

O capitalismo, na actualidade, é contrário à civilização e ao desenvolvimento humano

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Normais...

“A homossexualidade não é normal”
D. José Saraiva Martins

Não, o que é normal é um tipo andar vestido de saias e rendinhas, tipo quem anda a roubar os cortinados lá de casa para se cobrir.

Estranhas "ditaduras"

Segundo o Observatório dos Média Venezuelanos, os partidários do “Não” ao recente referente na Venezuela, tiveram uma cobertura mediática de 71%, enquanto que os defensores do “Sim” tiveram uma cobertura de 29%.

Para muita gente que continua a falar em “ditaduras” na Venezuela, ignorando por completo o que se passa nesse país, estes dados demonstram que se houve vantagem, favorecimento, ou quase ditadura mediática no recente referendo, ela foi para os partidários do “Não”.
Ao observar-se o comportamento das principais cadeias de televisão, o estudo detectou que o “Não” teve um total de 73% de noticias favoráveis enquanto que o “Sim” teve 27% (inclui os canais, VTV; Venevisión; RCTV internacional; Televen e Globovisión )

Acerca da crise

“(…) não podemos compreender as causas da actual crise se não tivermos em conta a sua natureza sistémica. Que a crise é inerente ao modo de produção capitalista, germina dos seus limites e contradições. Que a crise é a súmula de uma acumulação de crises. Que a estagnação económica é tendencial ao sistema capitalista, entre interrupções cíclicas no processo de acumulação de capital. Que a concentração e a financeirização do capital são resultado e resposta à estagnação. Que a questão central para a acumulação capitalista é a taxa de lucro e que esta está na génese da crise. Que o desemprego é seu reflexo e variável estratégica na exploração do trabalho.

O actual momento de crise tem semelhanças com a primeira grande crise estrutural do sistema capitalista mundial – a Grande Depressão dos anos 30. (…)O início do século XX fica marcado pela forte concorrência intercapitalista, por uma elevada concentração e centralização do capital, por um excesso crescente de capacidade industrial instalada e as consequentes pressões sobre a taxa de lucro, ou seja, uma crise de rentabilidade. (…)
Estávamos no culminar de uma crise de sobreprodução e sobre-acumulação, a que se juntava uma crise energética relacionada com o motor energético de então – o carvão.

«E como triunfa a burguesia nas crises?», «pela aniquilação forçada de uma massa das forças produtivas», afirmava Marx, no Manifesto Comunista, a fim de restabelecer as condições de valorização do capital e encetar um novo ciclo de acumulação de capital. O que aconteceu com a primeira guerra mundial.”

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um outro olhar...

Imagem curiosa do recente acidente em Nova York, onde se demonstra que mesmo nos desastres há acidentados de primeira e de segunda.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Façamos então de conta*

Faz de conta que o tempo da esperança não acabou.
Faz de conta que o sonho de Abril não voou.
Faz de conta que "luvas" são adorno dengoso nas tuas mãos perfeitas, que eu quero despir e acariciar.
Faz de conta que a mentira não se cola á nossa cristalina pele,
e só existe na estória "sócretina" do pinóquio.
Faz de conta que a baleia da verdade vai engolir o "pinóquio" e a água ficará clara, límpida, transparente...
para sempre!

Faz de conta que o "freeport" é um Porto Livre, onde há crianças em barcos de brancas velas.
Faz de conta que Freitas do Amaral é uma enguia mole, pegajosa, asquerosa… e arrependida da sua desonestidade.
Faz de conta que os "tios" e os "primos" são virtudes que a terra semeia e são os nossos "capitães da areia".
Faz de conta que a mentira não é uma pega velha e ressequida e idolatrada, transvestida de jovem e pura como a verdade.
Faz de conta que os capitães de Abril voltaram,
porque ouviram o nosso medo sussurrado,
e são agora a nosso Porto, a nossa meta, o nosso luminoso horizonte anunciado.

Faz de conta que ainda é cedo,
e que todos sabemos o segredo:
"amanhã vamos festejar a vitória da VERDADE"

"Um pouco mais de Azul" e rasgaremos a noite e ...

sem fazer de conta:
Vamos votar Abril!!


*Titulo que abusivamente coloquei a um poema que a Imelda colocou como comentário ao post anterior "Está bem...façamos então de conta"

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Está bem... façamos de conta*

"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport.
Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal.
Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?).
Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês.
Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível.
Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu.
Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média.
Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação.
Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo.
Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda).
Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport.
Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal.(...)"




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Efeitos da crise

'Cortina de ferro económica' deixa Obama e UE de costas voltadas

Alínea proteccionista no plano para salvar EUA da crise é razão da polémica"Compre produtos americanos". É por esta fórmula que é conhecida a alínea, perdida nas 460 páginas do plano para relançar a economia americana, que está a deixar o mundo de costas voltadas com o novo Presidente dos Estados Unidos.A polémica cláusula prevê que os projectos financiados por aquele pacote de mais de 800 mil milhões de dólares (620 mil milhões de euros) terão de ser feitos com aço, ferro e produtos americanos sempre que isso não provoque um aumento do preço final em mais de 25%.Nos corredores do Parlamento Europeu, fala-se numa "cortina de ferro económica" que dividirá a Europa e os EUA da mesma forma que o continente europeu estava dividido no tempo da Guerra Fria, entre o Leste comunista, e o Ocidente, capitalista e liberal.
Hugo Coelho, DN,04.02.09

Sindicatos britânicos questionam adopção de leis de Bruxelas
Trabalhadores vão manter greves até verem satisfeitas reivindicações. Continuam a dizer que são prejudicados pela contratação de estrangeiros
Ana Fonseca Pereira, Público, 04.02.2009,

Um dos resultados da actual crise económica, é o de gerar conflitos no interior do sistema capitalista entre os diversos actores, quer seja, e principalmente estes, entre os patrões capitalistas, quer entre os próprios operários.

Em anteriores crises, tais conflitos agudizaram-se ao ponto de darem origem a duas guerras mundiais, facto que convém recordar. Guerras que se travaram entre países com sistemas capitalistas.

É claro que é um manifesto exagero esta preocupação, mas não deixa de ser uma questão interessante para se reflectir.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Change, yes we can...`t

"Obama autorizou CIA a continuar com as "rendições" de suspeitos

As ordens para encerrar Guantánamo, acabar com as prisões secretas da CIA e proibir a tortura fizeram manchetes no arranque da presidência de Barack Obama. Mas entre as directivas do novo Presidente dos Estados Unidos, passou mais desapercebida a decisão de manter intacto um programa controverso da Administração Bush: os raptos secretos e transferências de prisioneiros para países que cooperam com os EUA, conhecidos como "rendições".

A CIA manteve a autoridade para levar a cabo estas "rendições", escreveu o diário Los Angeles Times, numa análise mais pormenorizada às ordens executivas de Obama.
Este é um programa que causou embaraços à agência nos últimos anos, à medida que foram sendo conhecidas histórias sobre homens capturados por engano e enviados para países onde foram torturados, como a Síria.
O Parlamento Europeu condenou as "rendições", chamando-lhes um "instrumento ilegal". Mas a Administração Obama, que prometeu combater o terrorismo "com princípios", parece ter determinado que precisa deste programa para o fazer."
Sofia Lorena no Jornal Público, 03.02.2009.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Estranhos nervosismos

«Sócrates jura que os "poderes ocultos" não o "vencerão". A escolha do verbo é também desta vez significativa. Quem o ouvisse não perceberia de certeza que se trata de uma investigação judicial ou que se vive num regime em que o judicial cumpre e faz cumprir a lei. Sócrates não vê o caso como apuramento da verdade (inevitavelmente relativa). Mas como uma espécie de duelo entre o Bem e o Mal ( um "teste de resistência") entre ele e os "poderes ocultos". Num duelo, ou se ganha ou se perde e ele,"um homem determinado", vai ganhar. Outro primeiro-ministro esperaria pelas conclusões do inquérito e nagaria tranquilamente as calúnias. Quando muito, ameaçava processar os caluniadores. Sócrates prefere o melodrama e a intimidação: quem daqui em diante duvidar dele é um instrumento, "negro" e miserável dos "poderes ocultos".»



Não deixa de ser estranho todo este nervosismo de José Sócrates e de todos os membros do PS que lhe são próximos.