terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Crápulas

Depois de assistir às declarações de alguns brilhantes gestores da coisa pública e privada, como Dias Loureiro ou Vítor Constâncio, fiquei a perceber um pouco mais sobre os requisitos necessários ao exercício dessa espinhosa profissão. Basicamente ser-se ignorante é a condição primeira e quase única; nada saber, não ter a ver com nada que se passe, não querer saber de nada do que a empresa faça ou deixe de fazer, nunca ouvir ou ter ouvido, nunca conhecer ou ter vislumbrado, nunca cheirar, NUNCA NADA!

Ser-se gestor à maneira destes senhores é ter bons fatos e gravatas para bem aparecer nas fotografias e não ter o menor pejo em receber milionários e obscenos salários.

Vem tudo isto a propósito da capa do Jornal de Negócios de hoje. Como é admissível que o governo português, com as dificuldades económicas que a maioria esmagadora do povo português sofre, tenha o descaramento de brindar a administração do Banco de Portugal com este salário:
“o governador do banco central português ganha 250 mil euros por ano, 18 vezes mais que o rendimento per capita nacional, só atrás do governador do banco de Honk Kong (que recebe 896 mil euros por ano) e do da Itália (que aufere 650 mil euros por ano).”

Como é possível que este senhor Vítor Constâncio, que nos últimos anos tem tido como quase único papel, o de justificar o apertar-do-cinto que os sucessivos governos impõem aos portugueses, em virtude das sucessivas “crises”, “tangas”, “défices” e outras incompetências, como é possível que tenha passado este tempo todo sem o mínimo de desconforto, de incómodo, de aplicar a si próprio o que defende para os restantes concidadãos?

Provavelmente nunca sentiu o mínimo de incómodo, porque esta gente se julga pertencente a uma casta distinta e à parte da restante população…e na verdade são, pertencem à casta dos CRÁPULAS!

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