sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Os mandamentos dos meios de desinformação.

No conflito do Médio Oriente os meios de comunicação tem tido uma atitude mais do que parcial. Eis algumas regras que as redacções dos diferentes meios de comunicação parecem ter determinado.

1 - No Médio Oriente são sempre os árabes quem atacam primeiro e sempre é Israel quem se defende. A essa defesa se chama “represália”.

2 – Nem árabes nem palestinos nem libaneses têm direito a matar civis. A isso se chama “terrorismo”.

3 – Israel tem o directo de matar civis. A isso se chama “legitima defesa”.

4 – Quando Israel mata civis em massa, as potencias ocidentais pedem que o faça com mais cuidado. A isso se chama “reacção da comunidade internacional”.

5 – Nem palestinos, nem libaneses têm direito a capturar soldados israelitas dentro de instalações militares, sentinelas ou em postos de combate. A isso se chama “sequestro de pessoas inocentes”.

6 – Israel tem direito a sequestrar a qualquer hora e em qualquer lugar quantos palestinos e libaneses queiram. O número actual de detidos ronda os 10 mil, dos quais 300 são crianças e mil são mulheres. Não precisam de prova alguma da sua culpa, têm o direito a mantê-los presos indefinidamente, ainda que sejam autoridades democraticamente eleitas pelos palestinianos. A isso se chama “encarceramento de terroristas”. Actualmente Israel tem deputados e ministros palestinos presos.

7 – Quando se menciona a palavra “Hezbollah”, é obrigatório acrescentar a frase “apoiados e financiados pela Síria e pelo Irão”.

8 – Quando se menciona “Israel”, está determinantemente proibido acrescentar: “apoiados e financiados pelos EUA”. Isso poderia dar a impressão de que o conflito é desigual e de que a existência de Israel não corre perigo.

9 – Em informações sobre Israel, há que evitar sempre que apareçam as seguintes afirmações: “Territórios ocupados”, “Resoluções da ONU”, “ Violações dos direitos humanos” e “Convenção de Genebra”.

10 – Os palestinos, ou os libaneses, são sempre “cobardes” que se escondem entre a população civil que “não os quer”. Se dormem em casa com as suas famílias, isso tem um nome:”cobardia”. Israel tem o direito a aniquilar com bombas e mísseis os bairros onde dormem. A isso se chama “acção cirúrgica de alta precisão”.

11 – Os Israelitas falam melhor inglês, francês, castelhano ou português, que os árabes. Por isso merecem ser entrevistados com maior frequência e ter mais oportunidades que os árabes para explicar ao grande público as presentes regras de redacção. A isso se chama “neutralidade jornalística”.

12 – Os israelitas têm o direito de estrangular a população palestina nomeadamente de Gaza a comunicar com o exterior, impedindo nomeadamente a entrada e saída de alimentos, combustíveis, ou medicamentos. A isso se chama “protecção do seu território” e nada têm a ver com crimes contra a humanidade.

13 – Se os palestinianos procuram furar o bloqueio, nomeadamente através da construção de túneis que ligam Gaza ao Egipto, a isso se chama “contrabando de material de guerra”, Israel adquire o seu material de guerra, legalmente, nas grandes feiras internacionais, normalmente material de ponta fornecido (dado) pelos EUA.

14 – Chamar aos foguetes artesanais que o Hamas lança sobre Israel: “mísseis”. Mesmo que a sua capacidade de destruição seja diminuta, durante os últimos sete anos, estes projécteis causaram a morte de 17 israelitas.

15 – Não fazer comentários sobre o tipo de armamento que Israel usa nem sobre a sua capacidade destruidora, muito menos sobre a disparidade de meios de um lado e de outro. Israel há poucos dias, só num bombardeamento, de poucos minutos, que realizou sobre uma escola a cargo da ONU, causou à volta de 40 mortos.

16 – Todas as pessoas que não concordam ou põem em causa estas regras, são e assim devem ser designadas como “antisemitas”, “apoiantes de terroristas” e “gente perigosa”.

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