segunda-feira, 20 de julho de 2009

Mitos e realidade nos seis meses de um presidente.

O mundo cresceu desmesuradamente. E a dimensão de uma nova e gravíssima crise facilita a compreensão do renascer da fome de um salvador.

Nos EUA puseram-lhe nome: Barack Obama. E na época da informação instantânea, uma campanha de dimensão planetária, desencadeada com o apoio entusiástico dos grandes da União Europeia, co-responsáveis pela crise, difunde um discurso cuja conclusão encontramos na mensagem de Amin Maalouf: uma tragédia espera a humanidade se Obama não a salvar.

A campanha, insidiosa, massacrante, é uma ofensa à inteligência. Mas catapultada por governantes, políticos, banqueiros, militares, escritores, jornalistas, chega aos lugares mais remotos da Terra e impressiona milhões de pessoas em todas as camadas sociais.


Entretanto...

Pela primeira vez desde que chegou à Casa Branca, Barack Obama vê a sua popularidade abaixo dos 60 por cento, segundo uma sondagem hoje publicada.

De acordo com o estudo encomendado pela ABC e Washington Post, 59 por cento dos americanos aprovam a acção do Presidente.

Uma percentagem, dez pontos abaixo do valor da Primavera, quando Obama tocou no máximo.

É a economia...

Quando perguntados sobre a política económica, “só” 52 por cento dos americanos aprovaram a política da Casa Branca.

Quando se fala em medidas para combater o défice do orçamento federal o número desce abaixo da metade para 43 por cento.

E a polémica reforma da saúde, que está a dar os primeiros passos no Congresso, tem a aprovação de 49 por cento.

5 comentários:

Silvares disse...

Qual seria, então, a via a seguir? Este texto faz-me lembrar uma das personagens da peça "Salvação - o sangu eé mais real a preto e branco" que dizia que já não suportava ouvir os oráculos da desgraça a apontarem constantemente os problemas mas gostaria de os ouvir propor soluções. Esta merda é um saco de gatos. Como vamos pôr os gatos em sossego uns com os outros?

Olaio disse...

Quanto a mim o caminho a seguir passa por não embarcar em “salvadores” ou “super-obamas”, apesar de perceber que há pessoas que acabam por ter mais influencia que outras no destino das nações, depois é que os povos votem na esquerda, de preferência nos chamados “esquerdistas” como os neo-liberais gostam de dizer.

Por exemplo em Portugal a solução, para mim, está em votar CDU, são aqueles que propõem uma ruptura real e clara com este estado putrefacto a que chegamos. Não digo que a CDU tivesse já a maioria nas próximas eleições, mas se tivesse uns 25% podes crer que as coisas mudavam, e muito provavelmente para melhor. Pelo menos a direita começava a pensar duas vezes antes de fazer a merda que faz.

Silvares disse...

Realmente os homens providenciais costumam enfiar as naçoes no buraco. Olha o que aconteceu em Cuba com o eterno comandante. Mas, já sei, o Fidel é... o quê? Sinceramente eu não sei. Aliás, aquelas sucessões dinásticas em que o poder passa para o irmão mais novo ou de pai para filho, que caracteriza os países de esquerda (os esquerdistas, como se vê, são de outra cêpa) são o retrato acabado da falência dos homens iluminados (lembrei-me do Luís XIV mas não quero ser injusto para com o monarca absoluto). Andamos para aqui iludidos e enganados. Pelos governantes, pelos media, pelos capitalistas. Pois andamos. Mas, apesar de tudo, sempre podemos "botar a boca no trombone" que ninguém nos enfia num centro de recuperaçao para sermos reeducados. Pelo menos por enquanto. Pelos vistos a social-democracia ainda é a coisinha mais jeitosa que por aí se passeia. Deus nos livre do PCP, cruzes credo!
:-)

Olaio disse...

Silvares, vejo que também tu não queres discutir as coisas a sério e preferes ir buscar a piada fácil e os preconceitos, é triste mas adiante.

É claro que Fidel meteu Cuba num buraco, é o preço que se paga por querer viver num país livre e independente, mas apesar de ter ficado completamente isolada nos anos 90 com o fim do bloco soviético, (como dizia um médico que conheci em Cuba, nada afecto ao regime, “até aos anos 90 Cuba vivia no paraíso depois passou para o inferno, hoje tá um bocadinho melhor), Cuba resistiu e hoje começa a sair do buraco e a assustar a direita, olha o golpe de estado nas Honduras.

Quanto a essa das sucessões dinásticas em Cuba, o referires isso é o exemplo mais claro de quem fala na base do preconceito e da mentira, ou então da ignorância. É um facto que Raul, irmão de Fidel, lhe sucedeu no mais alto cargo do poder em Cuba, mas já nos anos 50 Raul compartilhava com Fidel as prisões do ditador Baptista, acompanhava Fidel, Che e Cienfuegos na luta contra esse ditador. O que tu, de certa forma desonesta pretendes olvidar, é que Raul não é presidente por ser irmão de Fidel mas sim por sempre ter estado na frente da luta pela Revolução cubana.

É evidente que a desonestidade, ou ignorância, passa por querer assemelhar todos os regimes socialistas ao caso da Coreia do Norte, como se a BREVE história do socialismo se reduzisse a esse país.

O Luís XIV nem vale a pena comentar, tal não é o despropósito e a grosseria.

Quanto às ”bocas no trombone”, meu caro, acabei de chegar de Cuba, andei a discutir politica em plena Praça Central de Havana, meti-me numa discussão entre dois cubanos e acabei com uns oito (2 portugueses) que se foram juntando, discutimos tudo livremente, não de forma velada mas tão acalorada como aqui discuto e a verdade é que ninguém parecia ter medo da policia e a verdade, é que nenhum policia nos veio chatear e havia alguns pela praça.

Essas dos “centros de recuperação” só me faz lembrar uma coisa; Silvares muda de cassete porque essa já tá gasta. Em Cuba existe um “centro” parecido com isso, é uma prisão em Guantanamo onde os direitos humanos não são respeitados, mas não é por culpa dos cubanos. Vamos a ver se Obama consegue acabar com mais essa vergonha para a humanidade.

É claro que percebo que como social-democrata que és prefiras um PS ou um BE, tás no teu direito, agora o que eu gostava é que da tua parte (e não só), houvesse uma maior seriedade e um mínimo de vontade em discutir as coisas a sério, sem piadas grosseiras, ou preconceitos e cassetes anti-comunistas (centros de recuperação, sucessões dinásticas…), se fosse possível até que podia nem ser mau!

Silvares disse...

Olaio, o pior cego é o que não quer ver.
Então o facto de o Raúl Castro ter estado na frente de batalha contra a ditadura dá-lhe todo o direito de ocupar o cargo de presidente, assim, sem mais nem ontem.
Depreendo que consideres legítima a nomeação do Santana Lopes como 1º ministro quando o Barrosos avançou para Bruxelas. Não vejo diferença na atitude. O poder devia conquistar-se com eleições, digo eu, mas parece que as farsas eleitorais nos países abusivamente designados como socialistas te servem bem. Quando a coisa se passa com protagonistas de outra cor já não pode ser. Das tuas palavras concluo (com a desonestidade do costume) que, para se chegar a presidente em Cuba é condição necessária ter estado na luta contra Fulgêncio Baptista. O problema é que esses já estão todos um bocadinho velhos. E quando morrerem? A Revolução morre com eles? Esse é o principal problema dos comunistas. Têm a mania que são melhores do que os outros e que ou eles ou ninguém pode exercer o poder.
Tenho pena, camarada Olaio, mas tu não estás preparado para viver em Democracia. Não compreendes o que isso é. Ao menos espero que sejas feliz, aí, no País das Maravilhas.