sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Se a coisa pega...

Um processo inédito no Brasil - e raro à escala mundial - está a ser analisado pela justiça brasileira. É movido contra o Governo dos Estados Unidos da América pela viúva e pelos filhos de João Goulart - que foi destituído da Presidência do Brasil, em 1964, pelos militares. Sempre se disse que a saída de Goulart tinha o dedo da CIA, o que viria a ser confirmado formalmente, há três anos, por Lincoln Gordon, à época embaixador americano no Brasil. A família de Goulart exige agora, de Washington, uma indemnização de quatro mil milhões de reais, o equivalente a um milhão e meio de euros.

Tanto no seu livro Brasil - Uma Segunda Chance, Rumo ao Primeiro Mundo, lançado em 2005, como em entrevistas durante o lançamento da obra, o diplomata disse que o Governo americano, através da CIA, financiou políticos para desestabilizarem o Governo de Goulart, abertamente de esquerda, citando que isso também ocorreu na Itália do pós-guerra, quando os americanos não queriam a influência de políticos dessa área política.

A família exige uma indemnização por danos morais e patrimoniais devido ao facto de ter sido obrigada a morar fora do país. Segundo o advogado, Goulart teve um forte apoio popular durante o seu mandato, entre 1961 e 1964. O que mais incomodava os americanos era a ameaça de aprovação de uma lei que iria restringir a remessa de lucros por parte de multinacionais. A acção da CIA desenvolvia-se através de dois órgãos "de fachada": o Instituto Brasileiro de Acção Democrática (IBADE) e o Instituto de Pesquisas Económicas e Sociais (IPES). O primeiro mantinha sobretudo contactos com políticos, o segundo com militares.
O advogado admite a hipótese de os Estados Unidos não darem qualquer atenção, já que esse país não aceita sequer as decisões do Tribunal Internacional de Haia para os seus cidadãos.

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