domingo, 27 de janeiro de 2008

O coveiro do SNS

Sábado dia 27 de Janeiro de 2008, dia em que morreu Sandra Ramalho, após uma longa espera pelo INEM.

Na saúde, a rapidez do atendimento, dita diferença entre a vida e a morte.
Até há algum tempo os Bombeiros Voluntários de qualquer parte do País eram chamados e faziam o transporte dos doentes para os hospitais.
Mas o que sobrava a estes homens em dedicação e voluntarismo faltava em conhecimentos técnico-científicos e em equipamento médico.
Não obedeciam as normas e às boas práticas de um qualquer Instituto da Qualidade Europeu.

Então deu-se formação a estes homens, investiu-se em equipamento médico e os transportes de emergência foram reorganizados e tornaram-se mais rápidos e eficazes para todos.
Nada de mais errado, isso ficava caro, muito caro...

Resolveu-se da maneira mais rentável: acabou-se com os transportes de doentes emergentes feitos por estes bombeiros, passando o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a tomar conta da situação.
Mas o INEM não tem meios suficientes, só tem uma VMER em cada grande hospital ou cidade e duas ou três ambulâncias próprias.
Se um carro rápido com médico e enfermeiro sair a reanimar um doente, fica toda a área desprotegida.
Se telefonar porque tem uma emergência reze para que as ambulâncias e o carro rápido estejam operacionais e para que nenhum outro cidadão esteja doente à mesma hora que você.

Foi o que aconteceu à Sandra Cajados de Palmela, ao Rodrigo e a tantos outros mortos anónimos que chegaram ao hospital horas depois de terem chamado o INEM_O Instituto Nacional de Evidência da Morte.
A actual política do Ministro da Saúde está a dar os seus frutos: desespero, espanto, tragédia e morte.

Nas certidões de óbito escreve-se morte de causa natural! Mas se todas as mortes são injustas e inúteis estas são também uma acusação para todos nós!
Que diremos aos país do Rodrigo e ás filhas gémeas da Sandra?

O País está incrédulo perante a evidência deste infame momento.
Não precisamos de heróis anónimos, precisamos de risos de crianças, de olhos de espanto felizes pela beleza do momento, de mãos dadas, de olhares em frente com esperança no futuro.

Correia de Campos pode demitir-se já fez o seu papel - coveiro do SNS.
E que dizer de José Sócrates o mentor desta Política de Saúde?

8 comentários:

António Melenas disse...

Claro que o Sócrates não vai dizer nada e se disser é mais uma mentira para juntar às muitas que nos tem dito. E quanto ao "coveiro", pode ser que tenha aberto também uma cova para ele. Oxalá!

Anónimo disse...

Sobre esse, só me ocorre dizer que quanto menos se disser melhor. Esse engenheiro sanitário usou como método de governação o ataque aos privilégios e aos privilegiados, usando e abusando de um discurso fomentador da inveja e dos maus instintos, mas quando deitou abaixo o seu níveo joelhinho chamou logo de urgência o Dr. Henrique Jones para o tratar. E ele pode estar-se nas tintas para todos os casos vergonhosos de tragédias que podiam ter sido evitadas se os serviços públicos de saúde funcionassem bem, porque nunca irá parar a uma fila das urgências nem irá ficar duas horas à espera do INEM. Terá sempre tratmento vip, nem que seja na urgência da proctologia...

Anónimo disse...

O Governo podia abrir uma agência de Coveiros, mandavam os doentes logo directamente para lá. Poupavam muito mais tempo e dinheiro.

Silvares disse...

Olaio, parece que és bruxo. O coveiro lá foi enterrado. Agora que já fez o trabalho sujo pode ir-se embora de braço dado com a palhaça da cultura. Enfim...

anandre disse...

Diz a minha avó, analfabeta de letras, mas conhecedora das Grandes Verdades, que o que não tem remédio, remediado está.
A discussão da reestruturação do SNS tem vindo a ser feita, como quase tudo neste governo, de cima para baixo, começando a construção da casa pelo telhado, o que, mesmo para um leigo na matéria de engenharia civil, não parece avisado, nem promissor de sucesso.
Os Serviços de Emergência Pré-Hospitalar e de Urgência encontram-se no TOPO da pirâmide de prestação de serviços de saúde e não, como a discussão pública faz querer, na base.
A disfunção surge, em grande parte, pela sobre-carga e exaustão desses serviços, chamados a prestar cuidados que não são da sua competência, mas para os quais não existe alternativa, posto que mesmo as chefias já confundem Serviços de Atendimento Permanente com Serviços de Urgência, equiparando-os e eliminando os primeiros numa ânsia economicista.
Urge educar.
Educar o Povo, e especialmente os Políticos que dele saem e por ele são eleitos para o representar, mas que se outorgam direitos de elite uma vez elevados ao estatuto de legisladores.
Educar para criar uma responsabilidade em Saúde, composta por deveres tanto como direitos. O dever de fazer prevenção primária e secundária, em vez de terciária, como até agora.
Para que os casos que verdadeiramente constituam urgências e emergências não se percam no Tsunami do Acesso Livre aos Serviços de Urgência dos Hospitais Centrais, com o desfecho que infelizmente conhecemos.
Para que ainda haja remédio.

Anónimo disse...

Demagogia pura:
O S.N.S. tinha que ser organizado, não é possível gerir recursos, que são de todos nós, com a impunidade a que assistiamos ao longo dos últimos anos.
Tudo isto não passau de uma guerra para denegrir a imagem do Ministro e de uma guerra entre o INEM e os Bombeiros Voluntários.
Tudo isto não passa de uma guerra da Ordem dos Médicos para que não acabem as mordomias dos mesmos.
O facto de os Médicos terem de cumprir horários está a perturbar muita gente.
Haja decoro

Anónimo disse...

Ao Sr José Neves
[Do gr. demagogía.]
S. f.
1. Dominação ou preponderância das facções populares.
2. Conjunto de processos políticos hábeis tendentes a captar e utilizar, com objetivos menos lícitos, a excitação e as paixões populares.
3. Fam. Afetação ou simulação de modéstia, de pobreza, de humildade, de desprendimento, de tolerância, etc., com finalidade demagógica.

Não pode acusar de demagogia quem a ela recorre:

As ditas "mordomias" beneficiam os 5% da classe médica que pertencem a uma dita elite - parecida com a elite política.

Os restantes 95% dos médicos de facto não cumprem horários: excedem-nos, trabalham em condições menos que ideais, joguetes das políticas ministeriais, bodes expiatórios na 1ª linha de combate perante os seus doentes.

Haja decoro.

Olaio disse...

Zé neves, afirmar que os problemas da saúde em Portugal (e já agora do mundo), se reduzem a uma questão de horários, como que afirmando, que por azar o nosso tínhamos uma classe de clínicos que não querem trabalhar! Não faz sentido e parece-me um redondo disparate.

É claro que se há alguém, ou classe, interessado em resolver os problemas da saúde em Portugal e no mundo, para além de nós todos pontualmente, é a classe dos médicos!