terça-feira, 21 de julho de 2009

Coisas normais

Diz o advogado de Arlindo de Carvalho, ex-ministro de Cavaco e portanto pessoa acima de qualquer suspeita, que o seu constituinte não está preocupado por ter sido constituído arguido pois não tem consciência de ter feito algo errado… Se for com o Dias Loureiro, que de nada se lembra e afirma só agora ter percebido as coisas que andou a fazer enquanto administrador do BPN, estamos descansados.

Mais afirma o advogado, que outra das razões porque o seu constituinte não está preocupado, é porque “hoje em dia ser constituído arguido é uma coisa normal”, é qualquer coisa como ir ali apanhar Sol à Costa da Caparica.

Ou será que a pouca vergonha é tanta que a maioria das pessoas que PS/PSD/CDS arranjam para cargos de poder e empresas, faz com que roubem descaradamente e assim se torne banal a quantidade de políticos destes partidos a contas com a justiça… que por sinal anda bastante mal, contribuindo para o clima de impunidade.

8 comentários:

jorge disse...

Já há uns dias que não vinha a este blog e deparei com uma resposta do responsável pelo Acercadanet a uns comentários feitos por mim em post anterior acerca do que é ser ou não de esquerda. Utilizo este post apenas para me certificar que o que vou dizer é lido e não pelo assunto abordado. Serei breve e não voltarei ao assunto. Sou brindado com frases como "tu não tens a coragem de abordar em profundidade um tema", "Preferes a provocação, algumas vezes infantilóide, outras grosseira e baixa", "a tua idiota e cínica tese", e, qual cereja no topo do bolo "ou seja, na verdade tu és de direita, uma direita envergonhada que tem consciência do seu anacronismo e por isso gosta de se afirmar de esquerda, mas sem nunca se comprometer."
Vou responder por ordem: 1- abordar um tema em profundidade pressupõe que a outra parte respeite as opiniões emitidas o que não é, decididamente, o caso de quem tem a cabeça formatada e recebe actualizações periódicas sobre como pensar e que posições defender. 2 - Há uma coisa que se chama ironia. Ou se compreende ou não. Quem não a compreende reage agressivamente. Típico. 3 - Idiota? Talvez. Cínica não é com certeza. Cinismo mesmo, parece-me ser a distinção implícita no teu discurso de que há uma repressão má (o raio dos judeus outra vez...) e uma repressão boa (os sacanas dos uigures, por ex.) No entanto, no que respeita a Cuba, em breve veremos quem tem razão. O teu deus das barbas não é eterno. Nem o irmão. 4- Desculpa, meu caro, mas não te reconheço qualquer autoridade para fazeres essa afirmação. Compreendo que gostasses de a ter para poderes passar diplomas de esquerdismo a quem entendesses, atitude típica de quem defende regimes autoritários, mas, felizmente não podes. Isto só vem confirmar a presunção moral do PC e é precisamente isto que dele afasta quem tem, efectivamente, um pensamento livre. Finalmente, o teu discurso só confirma aquilo que penso: é unidimensional, raivoso, sem qualquer sentido de humor e mais bafiento que a múmia do Lenine.

Silvares disse...

Eh lá! Então, afinal de contas isto são, apenas, palavras. E às palavras, sabemos bem, leva-as o vento.
Já se sabe que o camarada Olaio é detentor da verdade. É "aquela" verdade. Da esquerda comunista que não admite réplica e pronto, ponto final.
Também já fui brindado com alguns mimos pouco edificantes mas enfim, um gajo pode sempre responder à letra. Lá está "à letra", palavras, só e mais nada.
Isto porque escrever "repressão" é só isto mesmo. Estar na cadeia por nao concordar com o chefe deve arrepiar imenso quem está preso. E para exprimir isso duvido que haja palavras suficientemente eloquentes.

Silvares disse...

Quanto a este post, propriamente dito, toda a gnte sabe que apanhar sol na Caparica pode dar um escaldão se não se tiver cuidado. Já um arguido deste calibre raramente se escalda.

Olaio disse...

Pois é Jorge o “responsável deste blog” acha que não é muito correcto colocar as afirmações de textos anteriores sem as justificações que as acompanhavam… por exemplo, quando eu me referia a que tu preferes a provocação, algumas vezes infantilóide, dava como exemplo a tua afirmação de que “Finalmente, não passam do segundo partido de esquerda (estou a ser benevolente no termo…)”, é que senão as frases ficam descontextualizadas, sei lá, o “responsável deste blog” julga que ao menos poderias ter refutado essa afirmação, que essa história do primeiro, segundo ou terceiro partido de esquerda se mede mesmo pela dimensão dos votos… mas nada.

Mas vejamos ponto por ponto.

1- Abordar um tema em profundidade pressupõe que se queira minimamente aprofundar esse tema, por exemplo, tu afirmas que o embargo americano a Cuba favorece os dirigentes dessa ilha, eu replico considerando esse argumento idiota e cínico, escrevo um post a explicar algumas das razões porque tal acho. O lógico, para quem quer debater, seria rebateres os meus argumentos, mas não, tu respondes com um arrazoado de preconceitos, onde misturas uma dezena de assuntos, mas curiosamente…, não voltas a falar da questão do bloqueio. A isso chamo eu fugir ao assunto.

Já agora volto a perguntar: continuas a achar que o bloqueio favorece os dirigentes de Cuba?

2- A ironia é uma coisa que não me falta, mas uma coisa é usar de ironia no meio de uma discussão, outra é substituir o debate de ideias pelas ditas ironias, à falta das ditas ideias e nesse caso, gosto de tomar uma postura “Pachecal” e de chamar as coisas pelos nomes.

3- Meu caro, já te tentei explicar o que penso sobre esse assunto; a violência é resultado da luta de classes e como tal acredito que há boa e má violência. Uma greve, uma revolução, são actos violentos, acabar com o capitalismo só se faz com violência, que provoca mortos, mas meu caro é assim a vida. É claro que acho hipócritas essas ideias que metem tudo no mesmo saco, como se fosse tudo igual, no fundo o que não querem é ondas, que a sociedade mude.
O problema politico principal, está na posição que se tem sobre a repartição da riqueza socialmente produzida, ou se acha que ela deve ser repartida de forma justa e igual ou se acha que ela deve ser abocanhada por um par de iluminados e quanto a isso nada dizes, porquê?

Os judeus, lá voltam os teus judeus! Quanto a isso repito pela enésima vez que considero o sionismo uma teoria fascista e criminosa e que aqueles que sendo judeus, defendem a mistura entre uma e outra coisa, só estão a fazer mal à sua religião

A questão dos Uigures é bem o exemplo do teu preconceito. Meu caro, ainda não falei sobre esse assunto porque não tenho informação que me permita ter uma opinião sobre a questão, mas tu, só por ouvires ou leres a “livre”, “independente”, e “democrática” imprensa cá do burgo, que tem uma opinião quase unilateral sobre o assunto já tens opinião formada… a culpa é dos chineses! E os outros é que têm ideias formatadas, santa pachorra!

Quanto ao meu deus das barbas (???) receio que possas ter razão e que ele não seja eterno, se calhar um dia acordo com a noticia da sua morte, porra!…realmente és capaz de ter razão.

4- Por fim meu caro (ufh, esta porra já vai longa e a baba da raiva quase me sufoca!), isto não é uma questão de “autoridades” ou menos “autoridades” mas sim de ideias e opiniões e quanto a isso, o “responsável deste blog” tem toda a autoridade do mundo para as exprimir, quem não concordar com elas que as rebata, se para tal tiver engenho.

Silvares disse...

Tu que és um gajo informado e gostas de te informar lê esta entrevista

http://veja.abril.com.br/220709/voces-nao-entendem-china-p-017.shtml

Talvez te diga alguma coisa útil e te faça pensar um bocadinho nas distâncias que separam as tuas convicções tão fortemente arregiadas da realidade que te foge (a ti e a mim). Ao ler essa entrevista percebi como a ideia de uma Internacional Socialista não passa de um monte de patacoadas sem sentido real. Claro que me vais explicar o que é "na verdade" a dita Internacional. Mas o que te quero dizer, antes que comeces a salivar de raiva e a explicar-me a coisa cientificamente, é que não há ideal Universal que ultrapasse milhares de anos de cultura local. A questão do Tibete, para voltar a uma vaca que já ficou fria, não és capaz de a entender nem em sonhos porque de chinês só tens a bandeirinha vermelha com a estrela amarela e isso não passa de um símbolo sem qualquer significado. Para mim, que sou um social-democrata travestido de esquerdista, só há um Valor que conta: a Liberdade. Mais nada. O resto é merda para nos atafulhar os ante-olhos.

Olaio disse...

Apesar de eu se de uma “esquerda comunista que não admite réplica e pronto” (as coisas que se dizem), vou abrir uma excepção.

Não conheço a senhora XINRAN XUE e sobre o que diz em relação à China de certeza que falará com mais propriedade do que eu, mas há uma frase dela que me faz espécie:
“Mas não se pode esquecer que a China perdeu 100 anos por causa da guerra civil e do ideário comunista.”

Ora bem, afirmar que a China perdeu 100 anos por causa da guerra civil e do ideário comunista, quando há 100 anos a China era um país fraco de quem os países vizinhos e não só faziam o que queriam, o Japão invadindo a Manchúria e humilhando-os, os britânicos bombardeando e fechando os seus portos, obrigando-os a aceitar um vergonhoso negócio do ópio… etc. E hoje a China é uma das maiores potências mundiais, aprestando-se segundo muitos a tornar-se na maior, só pode significar que a senhora ou não conhece muito bem a história da China, ou então lá terá as suas razões para fazer uma afirmação disparatada como essa.

Já agora, eu não sou propriamente um apoiante do regime existente na China, nunca fui da UDP por exemplo, só que não embarco nas campanhas internacionais que volta não volta se fazem contra aquele país e que na maior parte das vezes tem como único objectivo enfraquece-lo, para que outros que se julgam polícias do mundo, possam gerir sem grandes sobressaltos os seus interesses.

Para mim como comunista só há um valor que conta, a Liberdade e por essa causa muitos comunistas deram a vida, só que só há liberdade a sério quando houver uma justa repartição da riqueza criada e não a sua apropriação por um grupo de privilegiados, ou seja enquanto houver capitalismo! Ou achas que um desempregado tem liberdade? E os tipos dos bairros sociais, os imigrantes que morrem no estreito de Gibraltar ou os putos que não têm dinheiro para pagar as propinas, também têm liberdade?

É isso que me distingue de um social-democrata, não aceito que a riqueza seja apropriada ou roubada por uns iluminados.

Olaio disse...

Só mais uma coisa, apesar de concordar que a cultura, tradição e hábitos de milhares de anos, podem ser um entrave a uma internacional, acredito que nos milhares e milhares de anos que temos de futuro, podemos criar pontes de entendimento entre os povos, que não apagando as diferenças (que são também uma das nossas maiores riquezas), permitirão uma sociedade mais justa e livre.

Olaio disse...

Silvares, respondendo a um comentário teu que ficou lá para trás, é claro que percebo que tu estás mais que preparado para viver nesta “democracia” onde parte da população não tem direito à saúde, habitação, educação e, a maior parte da população, para ter uma migalha disso ter que se sujeitar e humilhar a uma vida precária, adiada, enquanto quer uma minoria se dá o direito a roubar aquilo que é de todos. É essa a liberdade e democracia que defendes?

Digo-te pois, que não estou e espero bem nunca estar preparado para viver numa “democracia” que assenta nessas injustiças, na repressão e no roubo.

Para mim democracia é o direito inalienável de todos à habitação, saúde, educação, trabalho, cultura, paz, sem esses direitos, não há liberdade!