Poema a uma imagem

A propósito desta imagem recebi este extraordinário poema que a seguir aqui coloco.
















Tens o medo vestido,
ferrete na pele cravado,
estás cercado, perdido,
humilhado.
A voz é um gemido,
silenciada.
Sem esperança e sem liberdade
devoram-te a dignidade.
Tiram-te dos olhos a luz,
mancham-te a pura alma
com toda a crueldade.

...deuses do ódio:
têm a humilhação saciada!

O teu seguro regaço
já não é porto de abrigo,
não é âncora de felicidade,
não é ninho, berço, calor
dessa carne, desse sangue,
desse fio p`rá eternidade,
desse teu fruto de amor:
desse teu filho!
Agora é negro espartilho,
é ausência de ti,
é dor, é saudade!

... deuses do ódio:
têm a morte saciada!

Pudesse eu dar-te asas,
e alma de profeta que voa,
dessa prisão, cárcere ou cerco,
desse "perímetro de detenção,",
desse silêncio de coisa morta,
dessa negra e fria visão,
que te consome, que te amortalha,
que te hipoteca a condição.
,,,e sairias a voar
indiferente á humana traição.

Pudesse eu, meu rapaz
por artes de magia,
pelas leis da pura ciência,
pela quântica dos materiais
assim,… zás, tráz...sem mais...
esquecerias todo o mal
e perdoarias sem penitência
o carcereiro.

No lugar do hediondo capuz
nesse teu vassalo pai,
punha uma coroa de cavaleiro,
um elmo reluzente,
um punhal de amor certeiro,
e com vénias de tod`a gente,
ele desfilava,
imponente,
num veloz cavalo alazão
que corria, corria...voava
imponente...na tua direcção
a dar-te a mão
a dar-te o regaço,
a encher-te de amor,
a saciar-te o coração

E eu, que de deus nada tenho,
alimento, com indiferença,
esta guerra sem fim.
....tenho vergonha de mim!
Imelda