"Vou pelas ruas da cidade e sou toda a cidade. Eu estou em todos os rostos nos risos em toda a parte onde há uma voz uma cara um sorriso aberto. Vou de companhia, liberto, nos risos dos outros, voo de rosto a rosto nos cheiros dos corpos nos olhares dos namorados (olhos parados a rir noutros olhos, olhos de namorados. Lanço-lhes a mão e agarro-os, como se fossem para mim, e oiço de longe a sua música). Peso fortuito (furtivo) girando sem órbita certa, sem destino conhecido, mas gostando de estar. Um sangue com corda. Estou na minha cidade e vou despido, aqui a luta é violenta e desleal, é tudo conquistado à força de muque e arrogância, mentiras que não somos nós nem são parecidas com nenhum de nós. Vou andando e assobiando a minha música de revolta."
excerto do texto de Luiz Pacheco "Os namorados".
1 comentário:
Paz à sua alma (ou lá o que tinha o gajo para o animar).
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