“Os mercados financeiros tremem!A economia Mundial abranda!E nós?Para onde vai a economia portuguesa?Será que o país está hoje melhor preparado para enfrentar dias difíceis?A perspectiva de recessão na América, o abrandamento na Europa!Os reflexos no dia-a-dia dos portugueses…”
O programa da RTP1, “Prós e Contras”, sobre crise da economia que vivemos (alguns já ouviram falar, mas na prática não sabem o que é isso), e que promete acentuar-se, foi dos poucos “Prós e Contra” que vi, porque por norma, costumam ser “Prós e Prós”. Desta vez estava lá um contra.
Será que os autores do programa julgam que a generalidade dos portugueses são parvos, para apresentarem um programa com aquele nome, e com anúncios como o que se mostra acima, quase sempre com gente do mesmo lado da barricada, ainda que por vezes com opiniões diversas?
Não é exactamente do programa em causa que me proponho falar, mas antes, sobre pormenores do debate da última 2ª feira, em que os intervenientes principais foram António Ferreira do Amaral, Pinto Ribeiro, Eduardo Catroga e Carlos Carvalhas, (o contra.) Entre outras coisas, achei uma “pérola” de desfaçatez a intervenção do ex ministro Eduardo Catroga, face às queixas de um jovem electricista, que juntamente com a mulher, auferiam um ordenado mensal, que rondava 1200 €.
Dizia este, (e com razão, digo eu.) que perante as dificuldades de qualquer crise, eram sempre os mesmos a ter que suportar os custos. De facto, todos os governos pedem o aperto do cinto, mas é sempre para os mesmos o tal aperto. Os governantes e seus acompanhantes, devem usar suspensórios, porque a maioria deles dilata constantemente a cintura.
Perante a afirmação do jovem, Eduardo Catroga reconhecendo o problema da má distribuição da riqueza produzida, e que tinha dito não ser com afirmações demagógicas que o problema poderia ser resolvido mas sim com o mercado a ajustar a distribuição, retorquiu não ser fazendo o papel de coitadinho, que as pessoas deveriam de agir, mas sim, perante a paga injusta numa empresa, o funcionário deveria procurar quem lhe pagasse melhor.
Levantou a gargalhada da noite, pois o público estava mesmo a ver a facilidade com que essas coisas se fazem hoje em dia, no nosso país.
Claro que a afirmação do ex ministro é compreensível, pois devia estar a pensar em vários casos vindos a público recentemente, de ex governantes que, em menos de um ai, arranjaram belos empregos após a saída do governo, quer para as empresas públicas quer privadas.
E já agora, falando da justa repartição da riqueza, será que se esses senhores ganhassem um pouco menos (os nossos gestores são dos mais bem pagos na Europa), e não se dessem ainda ao luxo de acumular empregos e mordomias que são pagas por quem vive de salários miseráveis, não se arranjaria emprego para mais uns milhares de pessoas, e sobretudo, contribuiria para reduzir a escandaleira que é, um bando de oportunista da situação, viverem à larga em detrimento (que nome se pode dar isto?) da maioria mais desfavorecida da população do seu país?
2 comentários:
Um dos sofismas dos neo-liberais a que muitos sociais-democratas aderem frequentemente é o de considerarem que o trabalhador está em pé de igualdade com o patrão.
Como se o mercado de trabalho que propositadamente querem transformar numa selva, permitisse ao trabalhador o luxo de abandonar um emprego para procurar outro, como se os patrões não procurassem na generalidade trabalhadores submissos e como se o desemprego fosse resultado de uma conjuntura especial da economia e não resultado de uma politica concertada entre empresários e poder politico, propositadamente levada a cabo para evitar essas veleidades
Acho que isto e muito mais tem uma solução: Começar a organizarmo-nos e concorrermos às Juntas de Freguesia. Senão vejamos: Cavaco, Fernando, Guterres, Durão, Santana, Sócrates e, num futuro próximo, Sócrates ou Filipe? Não notam aqui um padrão? É que isto tem vindo a piorar, especialmente neste último século!
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