quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Curiosidades das eleições americanas

Votar pode ser muito fácil nos EUA. Há estados e condados em que basta registar-se - por correio, preenchendo um papel na câmara, ou pela Internet - chegar às mesas de voto, dizer-se quem se é e receber um boletim. Sem nunca apresentar um documento de identificação

Numa eleição disputada, todos os votos contam, sobretudo nos estados -chave. Na América desta vez, os novos votantes favorecem Obama e por isso os republicanos começam a tentar dificultar as coisas. Já puseram vários processos contra as supostas fraudes eleitorais. E agora usam o caso de uma associação cívica, a Acorn, para atirar lama para prejudicar o adversário

Na Pensilvânia (tal como no Ohio, na Florida, no Nevada...) decorre uma dura batalha local contra a Acorn, uma associação cívica de ajuda aos pobres. Nas últimas semanas foram levantadas em todo o país dúvidas legais na sua acção de registo de 700 mil novos votantes: votantes falsos em ruas que não existem, duplos registos, nomes como Mickey Mouse, Mary Poppins, etc...

Só dos escritórios de Filadélfia saíram nos últimos seis meses centenas de voluntários que conquistaram mais de 80 mil novos votos, sobretudo em zonas urbanas, negras e universitárias - decisivas para a vitória de Obama.
"Fizemos um bom trabalho", diz Jeanette Marcano, uma das dirigentes locais da Acorn. Mas, segundo o oficial dos registos da Pensilvânia, Fred Voigt, à CNN, há suspeitas reais de pelo menos 1500 registos feitos pela Acorn, que estão a ser reconfirmados pelos empregados do estado. Nas salas da Acorn, em Filadélfia, os voluntários são quase todos negros e muitos têm T-shirts vermelhas a dizer "Acorn vota Obama." Segundo Ali Kronley, da Acorn, a associação paga oito dólares por uma hora de trabalho a registar novos votantes. Os seus voluntários são pessoas pobres. Entre eles haverá gente para quem oito dólares à hora valem bem uma mentira. "Dizemos-lhes que oito dólares não valem a cadeia, mas..." Na semana passada foi detido Jemar Barksdale, um ex-empregado da Acorn, por ter feito 18 registos com assinaturas falsificadas.


Outra forma de influenciar as eleições é eliminar votantes, em zonas potencialmente indesejáveis, dos cadernos eleitorais. Está a decorrer uma batalha por quem aparece nos cadernos eleitorais. Recorde-se que foi, em parte, através da exclusão de eleitores dos cadernos, em particular africano-americanos (que votam sobretudo no Partido Democrata), e da redução do número de mesas de voto (aumentado assim o tempo de espera), que Bush conseguiu vitórias tangenciais em localidades-chave garantindo (fraudulentamente) a maioria no colégio.

No Ohio, um em seis eleitores foi apagado dos cadernos pela Secretária de Estado do Colorado (Republicana); mais de 2,7 milhões de eleitores foram apagados nacionalmente sob as novas regras aprovadas por Bush.

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