texto de 1880 pleno de actualidade, pelo então diplomata Eça de Queirós.
«(…) Em 1847, os Ingleses – «por uma razão de estado, uma necessidade de fronteiras científicas, a segurança do império, uma barreira ao domínio russo da Ásia…» e outras coisas vagas que os políticos da Índia rosnam sombriamente retorcendo os bigodes – invadem o Afeganistão, e aí vão aniquilando tribos seculares, desmantelando vilas, assolando searas e vinhas: apossam- se, por fim, da santa cidade de Cabul; sacodem do serralho um velho emir apavorado; colocam lá outro de raça mais submissa, que já trazem preparado nas bagagens, com escravas e tapetes; e logo que os correspondentes dos jornais têm telegrafado a vitória, o exército, acampado à beira dos arroios e nos vergéis de Cabul, desaperta o correame e fuma o cachimbo da paz… Assim é exactamente em 1880.
retirado do Blasfémias
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1 comentário:
Dizes bem, isso foi há 150 anos. Hoje não há emires apavorados e os perigos são outros. Hoje há papoilas e oleodutos, senhores da guerra e tribos mais ferozes que pacíficas. O Eça foi um grande escritor mas, que eu saiba, não tinha assomos de profeta.
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