segunda-feira, 19 de maio de 2008

As Mentiras da Verdade

Baptista Bastos
As mentiras da verdade
b.bastos@netcabo.pt


A globalização é um dado adquirido.
A unilateralidade do processo deu origem a uma brutalidade que, por vezes, atinge a selvajaria. Só não vê quem não quer. Os retrocessos sociais são impressionantes. E a derrota dos conceitos de Esquerda absolutamente notórios. Mas a Esquerda ou mais bem dito: as Esquerdas toldam-se numa falácia discursiva de discutíveis efeitos práticos. Há um discurso mole, por repetitivo. A tendência dos partidos socialistas e sociais-democratas para a “modernização” conduziu-os a um vazio inobjectivo, que determina a desconfiança dos seus adeptos. Em Portugal, os traços mais dramáticos dessa ausência de reflexão (poderia dizer: dessa capitulação ideológica) encontram-se representados num PS que deixou de ser “socialista” e num PSD que nunca foi “social-democrata”.
Eis as mentiras da verdade no seu inteiro esplendor.

Artigo completo aqui http://www.negocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Opiniao&CpContentId=317530

Será verdade?
Há muito tempo que estes partidos deveriam ter sido confrontados com as realidades que defendem.
O que são os partidos senão as pessoas que os representam e as que os defendem votando neles?
E se estas pessoas, sendo críticas da situação em que o país vive, em vez de mostrarem o mais que merecido cartão vermelho, passarem a vida a criticar quem lhes fala nessa alternativa?
Poder-se-ia dizer: têm o que merecem! Não posso ser mais discordante. Precisamente por terem mais que o merecido, (se compararmos com os que jogam em divisões inferiores, cujo destino dizem lamentar) é que se deixam adormecer neste jogo onde apesar de tudo não se sentem mal.
Alguns injuriam os vencedores, e até a forma viciada como vencem, mas sente-se-lhes na voz e na acção, o secreto desejo de, quem sabe, um dia também poderem vencer.

1 comentário:

anandre disse...

"Ser governado significa ser observado, inspecionado, espionado, dirigido, legislado, regulamentado, cercado, doutrinado, admoestado, controlado, avaliado, censurado, comandado; e por criaturas que para isso não tem o direito, nem a sabedoria, nem a virtude... Ser governado significa que todo movimento, operação ou transação que realizamos é anotada, registrada, catalogado em censos, taxada, selada, avaliada monetariamente, patenteada, licenciada, autorizada, recomendada ou desaconselhada, frustrada, reformada, endireitada, corrigida. Submeter-se ao governo significa consentir em ser tributado, treinado, redimido, explorado, monopolizado, extorquido, pressionado, mistificado, roubado; tudo isso em nome da utilidade pública e do bem comum. Então, ao primeiro sinal de resistência, à primeira palavra de protesto, somos reprimidos, multados, desprezados, humilhados, perseguidos, empurrados, espancados, garroteados, aprisionados, fuzilados, metralhados, julgados, sentenciados, deportados, sacrificados, vendidos, traídos e, para completar, ridicularizados, escarnecidos, ultrajados e desonrados. Isso é o governo, essa é a sua justiça e sua moralidade! ... Oh personalidade humana! Como pudeste te curvar à tamanha sujeição durante sessenta séculos?"
Pierre-Joseph Proudhon