quarta-feira, 28 de maio de 2008

A Classe Média


Acabei de ver na Sic um programa cujo nome não me lembro, mas que era com dois formadores de opinião da nossa praça, José Miguel Júdice e António Barreto.
Como sempre, quem analisa a situação, são senhores como aqueles, que do conforto da sua posição sócio económica, botam discurso.

De Júdice, gostei de ouvir dizer que talvez Marx tenha razão muito depois do seu tempo, como se até aqui a razão tivesse estado do lado dos defensores do capital. Claro que para ele estava, e ainda está. A frase não passou de conversa de “bem pensante”, e porque não, de um aflorar do medo que começa a perpassar algumas almas mais sensíveis, face à possibilidade dos respectivos bolsos poderem não se continuarem a encher como até aqui.

De Barreto que foi, é bom lembrar, ministro da Agricultura, gostei de saber do pouco aproveitamento dos nossos campos, e da destruição do pouco que tínhamos até há uns anos atrás. Parecia que o ministro tinha sido eu…ainda tentei lembrar-me se havia alguma lei Albino, mas não consegui.

Quanto ao resto, foi interessante de ouvir sobretudo para nos apercebermos das preocupações que vão nas suas cabeças, isto é, vamos a ver se isto se resolve com um mínimo de incómodo para a classe média. Desde que esta possa manter a rica vida do costume, de nada se importam que a riqueza do país continue a ser apropriada por uns quantos, e que a plebe seja como sempre, o eterno cordeiro do sacrifício.

1 comentário:

Olaio disse...

Pois é, bem precisam de voltar novamente a Marx para perceber o que se passa.

Talvez seja a necessidade insaciável do capital para acumular lucros, dos peixes a comerem-se uns aos outros e nessa voragem canibal, lá vai a classe média.

Uma das seguranças do capital, passa por manter uma classe média, mais ou menos vasta e bem tratada, de forma a permitir ao poder explorar ao máximo as classes baixas. Ora o irracionalíssimo do capital, (ainda mais, quando deixado sem freios), acaba por destruir essa classe média, ou reduzi-la de tal forma que acaba por ficar sem esse tampão que impede as revoluções sociais de se desenvolverem.

Ou seja, talvez não estejamos muito longe de assistir de novo a novas revoluções e essa vertigem é capaz de deixar os habituais comentadores um pouco tontos, afinal eles também eram dos que, mais ou menos, acreditavam que a história tinha acabado.