quarta-feira, 18 de junho de 2008

Apetece-me ser tu

Apetece-me ser tu
Num dar e receber
De vidas inteiras que se cruzam
Numa trança loira.
Código genético.

Saltitam fotões
Nos teus olhos verdes
E queimam os meus
De terra fértil, castanha
Acabada de lavrar.
Sementes que germinam
Plantas que rompem
Em nós
Frutos que amaduram
Doces do calor.

Sorvo-te na boca
A água fresca das fontes
Que me deram de beber
Quando ainda não existias.
Somos a mesma matéria
Sabes a mim própria
Comungamos a carne.

As mãos telúricas
Seguem o caminho ancestral
Mãos nuas
Atraem o íman do meu corpo
Seguem a geografia
Pesquisam filões de água
Encontram vulcões
A lava quente
Em golfadas do teu corpo
Deixa no meu a marca
Queimada da vida.

Sinto espasmos do teu prazer
Ondas que colapsam
E propagam juntas
Vermelhas
De olhos brilhantes.
Tocas divinal
O órgão da minha igreja
E são anjos que se elevam
Num sussurro
De respiração cortada e sôfrega
Da procura.

Queimam as asas
No doirado do sol
E caiem
No leito do prazer
Onde os corpos se estendem
Exangues
Da entrega


Helena

3 comentários:

anandre disse...

Obrigada por esse belíssimo poema!!!

samuel disse...

Muito bonito!

Anónimo disse...

eu vi este filme!...
inesquecível...