domingo, 1 de junho de 2008

O Segredo de um Cuscuz

O Segredo de um Cuscuz organiza-se em torno de uma narrativa bem articulada, que permite conhecer todos os “pequenos” personagens da história. Forma de contar a história bastante interessante, tudo está no local certo, com a ponderação exacta.

O filme descreve-nos o contexto da comunidade franco-árabe, mostrando as formas como ela se integrou na comunidade da pequena cidade onde se passa o filme. Por um lado, torna-se óbvia a crítica social pela precariedade das situações laborais; por outro, mostra-nos como as duas comunidades se enlaçaram e criaram formas de cumplicidade e de conflitos. É esta teia de afectos que permite certas sequências, como a do almoço em família, em que o árabe, como língua, parece ser uma barreira, mas também uma forma de descoberta de um outro mundo.

O Segredo de um Cuscuz vive, sobretudo, da generosidade dos seus actores, na maior parte deles amadores, que se entregam às personagens, criando uma narrativa credível. A frescura de Rym (Hafsia Herzi), que se entrega ao projecto do padrasto e que o resgata como um pai que não teve (nem nunca saberemos o que se passou para trás). Na teia dos ciúmes e dos pequenos afectos, Rym solta-se pela autenticidade e pela entrega aos outros. Acaba por ser uma bonita forma de mostrar um projecto de cinema humanista.

«O Segredo de um Cuscuz» («La Graine et le Mulet»). Um filme de Abdel Kechiche, com Habib Boufares, Hafsia Herzi e Farida Benkhetache. França, 2007, Cor, 151 min.Site Oficial: http://www.lagraineetlemulet-lefilm.com/
Em exibição no cinema King

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