O Magalhães anunciado pelo Pinóquio

A 30 de Julho José Sócrates anunciou com enorme pompa e circunstância o lançamento do Magalhães, um computador que permitiria um grande desenvolvimento do Know-how nacional, “o primeiro portátil português!”

Segundo Sócrates, será o primeiro computador portátil com acesso à Internet montado em Portugal. Na verdade, o primeiro computador portátil com acesso à Internet é montado em Portugal já há alguns anos. A JP Sá Couto (que vai montar o Magalhães) já monta uma marca própria, a Tsunami.

O PM referiu que se trata de «um computador de última geração tecnológica - nomeadamente o último micro-processador da Intel», Nada mais demagógico, o Magalhães, terá um processador de baixo custo da Intel, e que já equipa o Classmate, um computador da Intel. Aliás o Magalhães não é mais do que o Classmate montado em Portugal.
O novo computador é baseado na segunda versão Classmate da Intel, um portátil desenvolvido especificamente para o mercado da educação pela multinacional norte-americana.
Estamos assim perante um projecto que não envolve qualquer desenvolvimento de know-how nacional, que não traz inovação tecnológica, que se limita a montar máquinas desenvolvidas por outros.

Ainda por cima o governo esconde que está a tomar partido numa disputa à escala global, que opõe o eixo Microsoft/Intel àqueles que querem fornecer ao Terceiro Mundo plataformas informáticas de qualidade a baixo preço, como é o caso do projecto "One Laptop per Child" (OLPC), liderado por Nicholas Negroponte, lançado por uma fundação que pretende desenvolver computadores abaixo dos 100 dólares (64 euros) destinados a serem distribuídos

pelas crianças de países do terceiro mundo.

À esquerda a foto de promoção do Magalhães, à direita a foto de promoção do Classmate.