segunda-feira, 17 de março de 2008

As palavras certas

As palavras certas
são as que te não digo.
Urdidas sem pressa, ternamente,
forjadas em doces promessas,
mungidas pelos meus medos,
ansiosas dos meus segredos,
no desejo de estar contigo.
Eternamente!

As palavras certas
são as que para ti invento,
novas, perfeitas puras.
Só tuas.
Brilhantes. De enfeites cobertas
ou languidamente nuas.

Seguindo a paixão do vento,
bailando por ti, sem parar
cegas no teu mistério
secreto, por desvendar!

São as que pinto nas tuas mãos abertas
em círculos brilhantes, urgentes,
carentes.
Inquietas na partida
abraçam como brisa,
nas noites claras e quentes.
Brotam no meu peito
uma e outra, apressadamente.
Vivas, arrastadas na corrente
levadas, cercadas no teu riso,
pacientemente.
Na minha ânsia de em ti me revelar,
vacilam, hesitam para te segredar
este sentimento puro, perfeito,
que é amar!

Nos teus beijos secretamente
inventados,
nos silêncios cúmplices, sem te tocar
os teus desejos são adivinhados.

Então, as palavras certas
sussurradas,
morrem nos meus lábios.
Silenciosamente!

Meladi

8 comentários:

Anónimo disse...

A poesia é democrática como dizia o carteiro a Neruda, por isso é provavel que este poema te
seja roubado...

Anónimo disse...

gostei... tem as palavras certas!

Anónimo disse...

Ao longo dos tempos os poetas encontraram (e permitam-me usar uma visão um pouco redutora e simplista)2 formas d escrever sobre o amor. Aquele que se envolve dos encantos e alegria de um sentimento correspondido, e a sua tão próxima antítese, o amor sofrido, desesperante...
Vim aqui para te dizer que gostei do poema, que está incluido no primeiro grupo,que deixa passar alegria e paixão...Quanto às palavras certas...
"Certas palavras podem dizer muitas coisas;
Certos olhares podem valer mais do que mil palavras" - Vinicios de Morais
Um abraço!

PS: Só tu para me fazeres vir à net enquanto o nitrato de prata queima alegremente as feridas que conheces!

Anónimo disse...

Quais serão os desejos adivinhados ?
Hum! Hum!Hum
Coisa boa não é, ou será?

anandre disse...

"O que se pode dizer pode ser dito claramente; e aquilo de que não se pode falar tem de ficar no silêncio."

Wittgenstein
"Tratado Lógico-Filosófico"

Sempre achei que devia haver palavras virgens para usar em ocasiões especiais, como no tempo em que se guardavam fatos novos para estrear em datas festivas. Há nesse preceito uma dignidade pura, um respeito profundo.
Tenho pena que estejam a uso todas as frases essenciais: como saber se não tiveram uso prévio? Como encontrar algo nunca dito, imaculado, despojado de duplos entendimentos?

Ainda só encontrei o silêncio...

Gostei, como já deves ter percebido.

Prefiro o entre-dito ao directamente expresso. Partilho:

"o que eu vejo quando tu me vês

que eu não posso imaginar
como me vês
que não posso fazer ideia
como pensas de mim

baixo os olhos que não vejas
como eu te imagino
nem faças ideia
como penso em ti"

aa

brasileira - 006.03.08

Anónimo disse...

Este blog já não tem só comunistas, tem poetas.E este assunto das palavras certas está a tornar-se sério: primeiro roubam-me o coração do meu poema, depois, como se não bastasse, o ladrão ou ladra, é agraciada com numerosos e invejáveis comentários!
Bem, o gato das botas foi simpático comigo...
Eu confesso que gostei muito deste poema...mas estou cheia de ciúmes.

Anónimo disse...

O gajo k me fizer um poema destes leva- me na certa

C+S de leiria

Anónimo disse...

Simplesmente excelente:
"As palavras certas" a sua leitura permite uma viagem, ao destino pelo qual todos queremos passar...
A reflexão sobre este fenómeno, permite, de facto, compreender a sua complexidade. Sobre aquilo que não é estanque, que tão depressa nos leva ao extase, como nos conduz à angústia extrema.
Diria...que talvez por isso, seja tão desejado encontrar "As palavras certas".

Ficarei á espera de mais,

Butterfly