Como é habitual o Engenheiro Sócrates começou a entrevista que deu ao Canal 1 da RTP com algumas mentiras, ou então dando provas da sua ignorância.
Para se justificar, do facto de só à coisa de três ou quatro meses ter admitido que há uma crise à escala global e que ela vai afectar Portugal, o engenheiro desculpava-se dizendo coisas do género: “quem podia adivinhar a crise do subprime?”; “Se no final do ano passado o petróleo estava a 100 dólares, quem poderia adivinhar que ele agora estava a 140?”, quando nessa altura já toda a gente sabia que o petróleo estava numa escalada imparável.
Mas se ele fosse um politico que se desse ao trabalho de ler o que os outros partidos afirmam, poderia ter reparado já em 2004 que esta situação podia acontecer, bastava-lhe ter dado uma vista de olhos pela “Resolução Politica” do XVII Congresso do PCP, de que destaco as seguintes frases.
"A «nova economia», ao contrário das expectativas dos seus apologistas, não foi um ponto de viragem para um novo ciclo de crescimento, (…). Confirma-se o abrandamento das taxas de crescimento do produto mundial, ainda mais visíveis ao nível do produto por habitante, principalmente nos países capitalistas mais desenvolvidos, verificando-se em 2001 a redução para metade do crescimento da economia mundial e, pela primeira vez, um decréscimo do comércio mundial."
"Os elevados volumes de fluxos financeiros, nomeadamente de curto prazo, assumem um papel crucial na crescente volatilidade e instabilidade dos mercados financeiros internacionais. Enquanto a concorrência entre o capital se agudiza a favor das grandes potências, os elevados graus de «financeirização» da economia e de interdependência mundial da chamada «globalização» potenciam a instabilidade do sistema e o surgimento de crises financeiras que, de 1975 a 1997 implicaram uma perda acumulada de cerca de 15% do produto mundial."
"As previsões económicas indicam que pode estar em curso uma retoma, encetada no segundo semestre de 2003, liderada pelos EUA e nos países emergentes asiáticos. Mas estas previsões continuam a ser prudentes e a apresentar diversos factores de instabilidade decorrentes sobretudo dos fortes desequilíbrios estruturais da economia norte-americana, devido aos seus elevados défices público e da balança de transacções correntes, que já ultrapassa os 5% do seu PIB. A desvalorização do dólar, e consequente valorização do Euro, que tem vindo a bater recordes históricos, cria fortes condicionalismos à retoma económica de vários países da Zona Euro."
"Num contexto de oscilações, o forte aumento do preço de petróleo, devido às actividades especulativas, à invasão e ocupação do Iraque e ao aumento da procura mundial, contribuiu para esbater as pressões deflacionistas, mas condiciona a retoma económica e é um factor de risco adicional. Este aumento tem uma natureza estrutural, que decorre do aumento da procura mundial, mas deve-se também ao facto de estar a aproximar-se (ou ter-se já verificado) o pico da produção mundial deste recurso finito."
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