sexta-feira, 25 de julho de 2008

Viva la Muerte

mais alguns dados sobre a realidade colombiana , desta vez tirados de um relatório da Amnistia Internacional (AI).
Vale a pena dar uma vista de olhos aqui.

12 comentários:

Silvares disse...

Só quem não quiser ver pode ignorar a brutalidade fascistóide do governo de Uribe, ao melhor (pior) estilo dos regimes militares que no século passado caracterizaram a América do Sul. Há por ali demasiada coca e demasiado tráfico. Não há Democracia que consiga furar um mundo assim. Os democratas, naquelas bandas, são espécie em vias de extinção. Os guerrilheiros são tão fascistóides, assassinos e traficantes quanto os apoiantes de Uribe. A população está entalada entre assassinos de grupos rivais. Essa parece ser a verdade.

Anónimo disse...

A verdade, não me parece assim tão evidente. Sei apenas que há um grupo de guerrilheiros que combate há vários anos um regime fascitóide, como lhe chamas.
Pelos guerrilheiros sinto alguma simpatia ainda que acredite que os métodos usados (não conheço muito bem quais são) talvez não sejam os que mais aprecio. Já sobre o governo, não me é difícil acreditar que se trata de um bando de “coronéis”, a avaliar pelas notícias que nos chegam de várias fontes.
Mas, mesmo admitindo que as realidades são semelhantes, o que não acredito exactamente, que dizer da nossa “democrática” comunicação social, que nos bombardeia com as "maldades" dos guerrilheiros e as libertações ou resgates muito mal contados, e silencia os casos que leste divulgados pela Amnistia Internacional?
É sobretudo desta verdade que falo, porque sobre esta sabemos nós, de facto, como é tratada, e que interesses defende. Sobre isso não tenho as dúvidas que acima refiro.

Silvares disse...

Podes informar-te um bocadito sobre as FARC na inevitável Wikipédia. Encontras muita informação de proveniência variada se "googlares" FARC. Há pontos comuns em todas as informações. A luta armada contra o odiado governo de Uribe e os métodos de luta e de financiamento. Sinceramente não me parecem flores que se possam cheirar sem apanhar uma irritação nasal.

Olaio disse...

O João Jardim e outros populistas da mesma espécie, tem por hábito usar as palavras não com instrumentos da razão, na procura do entendimento entre as pessoas, mas sim como artefactos pirotécnicos, para eles o importante é baralhar tudo, porque é na confusão (pântano) dos espíritos que melhor se sabem movimentar.

Considerar as FARC uma organização fascista não faz sentido nenhum, basta procurar o significado da palavra no wikipédia.

Considero as FARC uma organização guerrilheira de esquerda, discordo de alguns dos seus métodos de actuação, nomeadamente a utilização de reféns políticos, mesmo que comprometidos politicamente e questiono-me sobre a validade da luta armada nos dias que correm na América latina, gostaria que o problema pudesse ser resolvido politicamente.

Há quem considere as FARC como uma organização terrorista, esses ou são de direita e os mesmos que mantinham o Mandela como terrorista até à bem pouco tempo, ou sendo de esquerda ou sociais-democratas, consideram as FARC terroristas porque a administração Bush assim o quis e eles num acto de profunda “independência” politica acataram as decisão do império. É o caso da maioria dos governos europeus e estranhamente de algumas organizações oriundas dos trotskismo, maoismo e estalinismo.

Quanto à prova do cheiro, também me parece que não são bem iguais. Enquanto que aqueles que “cheiram” o governo de Uribe acabam normalmente mortos, os que “cheiram” as FARC até pode ser que acabem de muito boa saúde, veja-se o recente caso de Ingrid Betancourt que após anos na selva, foi libertada e nos dias seguintes participou em inúmeros actos públicos, percorrendo milhares de quilómetros, sempre de bom aspecto.

Há realmente uma grande diferença, basta consultar o relatório da Amnistia Internacional referido pelo Albino.

Silvares disse...

Quando digo "fascistóide" refiro-me precisamente aos processos utilizados e não às ideologias que lhes servem de pretexto. Nesse aspecto, no recurso ao rapto e ao comércio de substâncias "menos católicas" para financiar uma via em direcção a presumíveis amanhãs canoros, as FARC são, aos meus olhos (posso ser vesgo, mas sou eu) "fascistóides". Tal como Bush é "fascistóide", para dar um exemplo evidente (Guantanamo, Abu Garib...).
Para mim, um assassino de esquerda é tão parecido com um assassino de direita como a Coca-Cola se parece com a Pepsi. Não trago uns nem outros.
A referência ao Jardim parece-me um pouco despropositada. A menos que andes a sentir-te confuso ou seduzido pelas suas declarações anti-colonialistas. Será que o seu ódio ao poder fascista de Lisboa, como ele diz, o torna uma personagem querida aos teus olhos?
:-)

Silvares disse...

Ah, já me esquecia, a Ingrid Betancourt é um exemplo vivo da hospitalidade guerrilheira. As FARC andarão mesmo a pensar abrir um resort na selva. A boa da Ingrid será a face da campanha publicitária.
Um pormenorzinho, a forma como dizes que ela foi libertada até pode dar a impressão que as FARC a largaram da mão...

Olaio disse...

Uma das características das organizações fascistas é a sua defesa da superioridade de uma raça ou classe sobre outras, a defesa de sistemas onde a desigualdade rácica ou de classe é claramente assumida como método de governação.

Que se saiba, a não ser por afirmações nada credíveis da administração americana e dos proto-fascistas de Uribe, as FARC não negoceiam nem nunca estiveram envolvidas no tráfico de droga, As suas relações com o comércio da coca limita-se a exigirem aos proprietários de plantações de coca nas zonas onde exercem o controle, o pagamento de um imposto, tal como aos proprietários de outros tipos de plantações ou empresas.
Pode ser questionável essa relação das FARC com os plantadores de coca, mas não podemos esquecer (sem estar a justificar) que a produção da planta de coca faz parte da cultura dos povos daquela zona e que nem toda vai para a produção de cocaína.

Silvares disse...

Fascista não será o mesmo que "fascitóide". Neste caso não se coloca a questão de defender a superioridade de uma determinada "raça" (conceito cada vez mais difícil de sustentar a menos que se esteja a considerar a criação de animais com "pedigree") mas apenas o recurso a processos de luta que ultrapassam o que é aceitável em termos éticos. Os fins não justificam os meios, caso contrário teríamos que compreender a atitude da administração americana ao manter em cativeiro tantas pessoas sem acusação formada, apenas baseada na suspeita sem provas.
Qual foi o crime de Ingrid Betancourt que justifique o seu sequestro pelas FARC? Nenhum, é evidente. Daí que surja a classificação de "Fascistóide" e não fascista. São coisas diferentes.

Olaio disse...

Apesar de não concordar com o método da utilização de reféns pelas FARC, é bom não esquecer que a maioria desses reféns são militares ou comprometidos com o governo do narcotraficante Uribe, facto que se pôde constatar na recente libertação do grupo em que estava Ingrid Betancourt, tirando ela, todos os outros eram militares ou de “empresas de segurança” americanas.

Mesmo a Ingrid não é tão inocente como a querem fazer parecer, faz parte de uma família de políticos cujo pai já foi ministro de um dos governos da Colômbia e a sua captura deu-se numa região controlada pela guerrilha, facto que ela conhecia, sendo alertada para o que lhe poderia acontecer, mas que ela decidiu assumir ao resolver ir para lá fazer campanha eleitoral, num acto considerado provocador para as FARC.

Silvares disse...

Pois, os gajos das FARC são muito sensíveis e fáceis de provocar. Mas afinal, numa cultura de tolerância como a nossa, há gajos que merecem ser sequestrados e outros mais ou menos? Onde é que cabe, nessa escala de valores, a situação dos gajos que estão a grelhar em Guantanamo? Será que, tal como os "militares de empresas de segurança americanas" libertados com a Ingrid, também merecem terem sido sequestrados? Afinal de contas é só olhar a questão do sequestro com os olhos do Bush, esse fascista encartado. É estranho como acaba por ser uma situação parecida com as dos sequestros praticados pelas FARC. Nem juíz, nem acusação, nem júri, nada de nada!

Olaio disse...

Em relação a culturas de tolerância, julgo que seria bom ter em conta que a Colômbia é dos países mais violentos, onde está implantada uma verdadeira cultura da violência, este facto ajuda a explicar muitas destas situações, nomeadamente o facto de ali existir uma das guerrilhas mais antigas do mundo, ainda por cima com milhares de membros.

Volto novamente a dizer que tal como o Chavez e Fidel, tenho duvidas das vantagens da luta armada na América latina, mas de modo algum me agrada e advogo uma rendição da guerrilha, que é o que pretende Uribe.

É claro que as FARC não detêm militares e “seguranças” americanos, pelo prazer de os andar a transportar pela floresta, o que do ponto de vista da sua movimentação lhes cria grandes problemas. A razão principal porque fazem reféns é para os trocar pelos milhares de presos das FARC que estão nas prisões de Uribe.

Julgo que a situação não é a mesma que a de Guatanamo, até porque as FARC não pretendem julgar os reféns, mas sim trocá-los pelos seus presos.

É claro que há quem diga que os americanos "seguranças" são elementos de organizações americanos que estão na Colômbia a ajudar o exército na luta contra a guerrilha.

Silvares disse...

Julgo que a situação não é a mesma que a de Guatanamo, até porque as FARC não pretendem julgar os reféns, mas sim trocá-los pelos seus presos.

O objectivo que estão na base da tomada de prisioneiros é diferente mas a atitude de os tomar é semelhante (não estou a dizer igual, mas sim, semelhante). Em ambos os casos se aprisionam indivíduos sem acusação, nem provas, nem julgamento, nem nada de nada. Nisso são semelhantes e condenáveis.