segunda-feira, 28 de abril de 2008

As guerras fratricidas no PSD

O actual estado do PSD é resultado de um PS que no governo faz tão bem ou melhor, aquilo que o PSD faria se lá estivesse. Até há quem como José Júdice, venha a público propor a junção destes dois partidos, pois segundo ele, não faz sentido em Portugal existirem «dois partidos social-democratas a defender as mesmas soluções».
Sem acesso à grande máquina do poder, que permita distribuir tachos aos milhões e com o PS a ocupar o seu espaço político, pouca coisa resta ao PPD/PSD e é vê-los tipo baratas tontas, cada um para seu lado até a coisa bater bem no fundo. Há que “salvar o que é estrutural entre nós!” diz um deles.

Para resolver a situação o Menezes, entretanto transformado em bombo-da-festa, bate com a porta e marca novo duelo eleitoral no interior da agremiação. Soam trombetas, ressoam sinos, os pregoeiros partem pelo reino, finalmente o PSD resolveu o seu problema de falta de protagonismo e pelo menos nos próximos tempos, temos: excitação, instabilidade, sangue, demagogia a rodos, “guerras fratricidas”, verdadeiros “combates ao sistema”, Portugal a bater forte nos corações laranjas.

O vazio político é preenchido pelo show mediático, facilitando a vida dos meios de comunicação, sempre tão desejosos destes espectáculos mediáticos, de tanta manifestação de arrogância perante a subserviência canina dos jornalistas.

As personagens começam a desfilar pelo palco. Contam-se espingardas, os generais juntam as suas tropas, as tropas tentam perceber de onde pode sair o melhor tacho ou partido (que não seja politico). O Jardim avança ou não avança? “Não afasta definitivamente” a hipótese. O Patinha já lá vai, seguido pelo Coelho, haverá Leite para todos, e o Sr. Silva quem apoiará? E o Bota, o Ribau?, onde andará o Mendes, será que também vai?

Quanta angustia no rosto dos jornalistas quanta incerteza? E procuram falar com o Neto, com o Sarmento, o Velosa, o Pedro (são tantos), o Antão, o Manuel. A Manuela avança e estrondo, foguetes no ar, câmaras, flashes, noticias de abertura de telejornais, o Santana reincide e vai à luta (agora se viesse o Alberto é que era bom). Do alto da sua cátedra o Marcelo fala da ala menezista, da ala santanista, da ala leitista, da ala coelhista, da ala patinhista e explica estratégias, faz descer luz sobre os espíritos gentios acerca das profundas razões que levam o Cadilhe a permanecer à margem deste Rio de disparates.

O candidato avalia a sua “motivação”, “o grau da minha obrigação”, a “autoridade pessoal”, enquanto o outro é “pressionado a desistir”, mas continua “fiável” e há as lebres, os que são para entreter à espera do Rui e os… Se calhar uma jogada de mestre era contratarem o Sócrates e assim podiam assegurar a conquista do próximo campeonato, assim como assim se calhar o Júdice é que tem razão?

E no meio disto tudo alguém os ouve discutir alguma coisa que, parecida seja com politica?

3 comentários:

Anónimo disse...

A discussão é saudável, a unanimidade é de lamentar.
No PCP e noutros partidos de esquerda isso nunca aconteceria...
paredes de vidro.... fosco

Olaio disse...

Uma coisa é certa, a discussão é saudável, a unanimidade, por antítese, é doentia e se não se curar, não augura bom futuro.

O PCP tem tido ao longo da sua vida, que já é longa, vários confrontos ideológicos, é quase interminável a lista de pessoas que passaram por ele e dele saíram em confronto político. Podíamos começar por falar de Mário Soares, mas fiquemo-nos por outros mais próximos, tipo: Vital Moreira, Vieira da Silva, Pina Moura, Mário Lino, José Magalhães ou do recém falecido Francisco Rodrigues, outros foram expulsos como Zita Seabra, mas o que caracteriza todos estas histórias, é que elas saíram em confronto ideológico, no seguimento de discussão de ideias, projectos de sociedade, de diferentes pontos de vista políticos, que se tornaram inconciliáveis.

No PSD não se assiste a nenhuma discussão politica, aliás nunca na sua história houve tal discussão, confronto de projectos sociais e económicos diferentes. O que se discute e sempre se discutiu são alinhamentos para assegurar tachos, nomes de pessoas, intrigas mesquinhas, traições vis, vedetismos serôdios, vaidosíssimos bacocos.
Do ponto de vista político o unanimismo é total, aliás, não é só dentro do PSD, o unanimismo político ou pensamento único estende-se ao PS.

Por isso é que Portugal está nesta podridão politica. O confronto ideológico é saudável o unanimismo gera este ambiente doentio e putrefacto em que vivemos.

Anónimo disse...

Parabéns Olaio, não podia estar mais bem explicado.