Espalhem a riqueza e dêem um aumento aos trabalhadores
Michael Hudson:
"A livre empresa sob as condições financeiras de hoje ameaça provocar uma centralização sem precedentes de planeamento, não nas mãos do governo mas sim de conglomerados financeiros e administradores do dinheiro. Quando o poder de planeamento do governo é destruído ele fica disponível para ser tomado, com um monte de exorbitâncias deixadas para os políticos cujas campanhas eles apoiaram e que "descerão do céu" para empregos muito bem pagos no sector privado, estilo japonês, depois de terem efectuado o seu serviço para o novo regime.
Pergunta: O regime financeiro não é constituído senão por parasitas?Michael Hudson: "O problema com parasitas não é apenas o facto de eles sugarem o alimento e nutrição do seu hospedeiro, enfraquecendo o seu poder reprodutivo, mas sim de que eles se apossam também do cérebro do hospedeiro. O parasita engana o hospedeiro levando-o a pensar que está a alimentar-se a si próprio.
"Algo assim está a acontecer hoje quando o sector financeiro devora o sector industrial. O capital financeiro pretende que o seu crescimento é formação de capital industrial. Eis porque a bolha financeira é chamada "criação de riqueza", como se ela fosse o que reformadores económicos progressistas imaginaram um século atrás. Eles condenaram a renda e o lucro de monopólio, mas nunca sonharam que os financeiros acabariam por devorar os proprietários da terra e os industriais. Os Imperadores da Finança venceram os Barões da Propriedade e os Capitães da Indústria".
(Michael Hudson, "The Coming Financial Reality", Counterpunch, entrevistado por Standard Schaefer.)
Via http://resistir.info/crise/whitney_12abr08.html
artigo completo aqui
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Nos anos noventa os neo-liberais resolveram o problema dos salários com o aumento de facilidades de acesso ao crédito, e assim as empresas deixavam de ter que aumentar os salários. A riqueza produzida pelo trabalho passava a ter uma percentagem cada vez menor para os salários e cada vez maior para o "patrão". Em compensação, os bancos que cada vez mais tomavam conta das outras empresas, concediam generosas condições para aquisição de crédito.
As coisas até foram resultando durante uma década, com o capital a aumentar os seus lucros e os trabalhadores a verem diminuídos os seus salários e a verem-se condicionados na sua liberdade pelas obrigações contratualizadas com os bancos. Transformaram-se assim os trabalhadores numa espécie de novos escravos.
Porém as coisas, como não podia deixar de ser, tinham que rebentar. A economia transformou-se num jogo de casino e o resultado está a ver-se.
A solução só pode ser a que é indicada em título: espalhar a riqueza e dar aumentos aos trabalhadores.
Quem aspira a trepar acima dos outros é que pode continuar a achar que o supremo valor proclamado como "o sonho americano" é um valor supremo de liberdade.
Pelo caminho onde nos levou o "liberalismo económico" bem se vê que essa suposta "liberdade" não passa da Lei-da-Selva, onde somos livres de triunfar, mas acabamos livres para ser pobres, manipulados, desinstruidos, doentes, miseráveis.
É certo que qualquer um pode triunfar: o mais forte, o mais desprovido de valores, o mais voraz, o mais Sortudo? É neste ultimo capitulo que muitos de nós temos esperança de triunfar, veja-se o numero de apostas nos jogos.
Mas andamos a esquecer-nos dos valores tão arduamente construídos, que tornaram a Europa exemplo de Evolução Civilizacional: a Igualdade, a Fraternidade e a Liberdade.
Agora o "Grande Deus do Capitalismo" quer fazer-nos acreditar que esses valores são tretas "comunistas", fazer-nos esquecer que não podemos ser livres na ignorância, na pobreza, na doença. Tenta fazer-nos esquecer que somos Humanos e que a fraternidade nos é inerente.
Enviar um comentário