Os meios de comunicação muito têm falado dos protestos dos seguidores do Dalai Lama contra a China, aproveitando a passagem da tocha olímpica e os próximos jogos olímpicos a realizar em Pequim. A situação é de tal forma que se aproveita tudo, quer sejam poucos ou muitos manifestantes, ou mesmo nenhum, tudo é motivo para se falar da pretensa ocupação do Tibete pela China.
Recordo-me que quando a tocha passou por Paris, uma das imagens das TV`s, era de um suposto tibetano, agarrado a uma ponte, aos gritos com ar de grande sofrimento (embora ninguém parecesse estar a molesta-lo), enquanto que em fundo passava a tocha olímpica. Era um bom enquadramento, para dar toda a ideia do sofrimento do povo “tibetano”.
Curiosamente, nenhum meio de comunicação referiu ou destacou a história da atleta paralímpica Jin Jing.
Jin Jing é uma esgrimista paralímpica chinesa e foi uma das atletas portadoras da tocha em Paris. Um manifestante “pró-tibetano” tentou tirar-lhe o fogo olímpico. A desportista, sentada na sua cadeira de rodas, protegeu a chama com o corpo e resistiu o tempo suficiente para que a policia francesa se ocupasse do atacante. A jovem de 27 anos, perdeu a perna devido a um tumor quando tinha 9 anos.
E é claro que os meios de comunicação, conscientes que o acto era pouco dignificante para a causa do Dalai Lama, preferiram omitir o facto.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
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2 comentários:
E tu a dar-lhe com a China! Ainda ficas com os olhos em bico. Quanto à 'comovente' história da Jin Jing, sinceramente não me diz nada. Também houve membros do Partido Nazi pernetas, manetas, cegos, surdos, mudos e sei lá que mais que defenderam ardentemente as suas convicções. Além do mais, tu, que és tão sensível e alerta para toda a propaganda pró-ocidental, devias ver que este episódio da 'coitadinha deficiente' que protege a chama com o seu próprio corpo, chira tanto a esturro como a do tibetano pendurado na ponte, aos gritos, ou coisa que o valha. Mas cada um acredita no que entende.
Jorge, esclareço-te que o post não era bem sobre o Tibete ou sobre a China, mas mais propriamente, sobre os meios de comunicação e a forma como eles não são mais que amplificadores de determinadas politicas, pouco tendo a ver com informação e muito menos com direitos humanos, defesa da identidade cultural, ou autodeterminação dos povos.
Limitei-me a referir um facto que aconteceu e que fazia todo o sentido ter no mínimo uma referenciazinha nos mídia.
Mas se falo na questão do Tibete, é porque os meios de comunicação insistem em torna-la actual. Ainda há poucos dias a propósito da passagem da chama olímpica pela Índia, as TV`s, à falta de melhor, acompanhavam a noticia com outra de uma dúzia de supostos monges budistas a protestar em frente à embaixada da China em Katmandu no Nepal.
O que me interessa é acentuar a forma como se manipula a informação, até porque tenho para mim que neste caso, e numa situação em que a imprensa quisesse destruir a CAMPANHA DE PROTESTOS, esta história era mais que suficiente para arrasa-la, bastava durante dois ou três dias mostrarem as imagens de um energúmeno a molestar uma jovem deficiente imbuída do mais puro espírito olímpico, a seguir entrevistava-se a atleta, os amigos a falarem dos seus hercúleos esforços para chegar onde chegou, etc., etc.…e podes crer que ao fim de uma semana o Dalai lama ficava caladinho até ao final dos Jogos Olímpicos.
Agora essa história dos membros do partido Nazi, não faz nenhum sentido aqui, até porque a atleta não é referenciada como membro de nenhum partido, apenas chinesa que participa numa cerimónia desportiva.
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