quarta-feira, 30 de abril de 2008

E se por acaso...? (2)

Titulo de noticia do Público de 29.04.08:"Não a subir" (na Irlanda)

“31% das intenções de voto apontam para um "não" no referendo marcado para 12 de Junho. Há dois meses, a oposição ao tratado era apenas de 24 por cento; a percentagem de indecisos aumentou um ponto. A oposição ao Tratado de Lisboa na Irlanda cresceu fortemente nas últimas semanas, provocando pela primeira vez um risco real de voto negativo no referendo de 12 de Junho para a sua ratificação.”

Não é por coisas e até pode ser que o “Sim” ganhe, mas fica-me esta satisfação de saber que tal como Barroso, há muito tecnocrata por esta Europa fora que vai estar um mês e meio a dormir muito mal.

O lixo continua a acumular-se na Itália

Gianni Alemanno antigo membro do partido neofascista MSI e actualmente do partido de Berlusconi, ganhou as eleições para a Câmara de Roma.
Depois da vitória de Berlusconi nas eleições italianas contra o que restava de uma esquerda que se descaracterizou completamente, substituindo os seus princípios por valores neo-liberais, este derrota consuma a sua humilhação.
O preocupante é que esta vitória foi conseguida com base numa campanha que apelava a sentimentos xenófobos, como a expulsão de 20 mil imigrantes ilegais que vivem em Roma

Agrocombustiveis

Segundo o relator especial da ONU para o direito à alimentação, Jean Ziegler, “os biocombustiveis são um crime contra a humanidade”, já que provocam a alta dos preços dos alimentos, ao mesmo tempo que desviam as culturas agrícolas para a produção de combustível, provocando a escassez de alimentos, com as consequências e apreensões que temos assistido nos últimos dias, tendo proposto uma moratória de 5 anos na produção de agrocombustiveis.

Para obter 50 litros de biocarburante são precisos 200 quilos de milho. Com essa quantidade pode alimentar-se uma criança durante 1 ano.
O governo português aprovou a 17 de Janeiro uma resolução, onde propõe o aumento da incorporação de agrocombustiveis de 5,75% para 10% até 2010, antecipando em 10 anos a meta apontada pela Comissão Europeia, ou seja 10% em 2020.

Entretanto o inenarrável Presidente americano, afirmou numa conferência de imprensa sobre economia: “Estamos muito preocupados com a escalada dos preços da comida aqui em casa e muito preocupados com todos os que não têm o que comer no mundo”.Concluindo que não acreditava que o etanol tenha grande peso na inflação dos bens alimentares, para ele a subida do preço da comida é devida ao clima, ao aumento da procura e aos preços dos recursos energéticos.
“E o mais importante é que seja claro que é do interesse nacional que os nossos agricultores cultivem energia para que não fiquemos dependentes de outras partes do globo mais instáveis ou que não gostam de nós”, disse Bush.

Como disse Jean Ziegler, “os biocombustiveis são um crime contra a humanidade” e claro, um crime requer sempre um criminoso, ou mais.

terça-feira, 29 de abril de 2008

É só para dar confiança

Ricardo salgado presidente do BES, comentava hoje em frente a uma câmara de TV a crise financeira provocada pelo crédito subprime; “Eu julgo que o pior já terá passado, mas não lhe posso dar uma certeza, aliás, acho que ninguém pode”.
Ou seja, aquele julgar que o pior já terá passado, tem tanto sentido como eu vos dizer qualquer coisa do género; "Eu acho que lá para os lados de Plutão há bué de água, mas não lhes posso dar a certeza, aliás, acho que ninguém pode”.
Elucidativo, né?

segunda-feira, 28 de abril de 2008

E se por acaso...?

E se por acaso, por mero acaso, os irlandeses dissessem não à constituição transvestida em tratado europeu… há já me esquecia, o nome é: tratado de Lisboa!
Era porreiro, pá!

As guerras fratricidas no PSD

O actual estado do PSD é resultado de um PS que no governo faz tão bem ou melhor, aquilo que o PSD faria se lá estivesse. Até há quem como José Júdice, venha a público propor a junção destes dois partidos, pois segundo ele, não faz sentido em Portugal existirem «dois partidos social-democratas a defender as mesmas soluções».
Sem acesso à grande máquina do poder, que permita distribuir tachos aos milhões e com o PS a ocupar o seu espaço político, pouca coisa resta ao PPD/PSD e é vê-los tipo baratas tontas, cada um para seu lado até a coisa bater bem no fundo. Há que “salvar o que é estrutural entre nós!” diz um deles.

Para resolver a situação o Menezes, entretanto transformado em bombo-da-festa, bate com a porta e marca novo duelo eleitoral no interior da agremiação. Soam trombetas, ressoam sinos, os pregoeiros partem pelo reino, finalmente o PSD resolveu o seu problema de falta de protagonismo e pelo menos nos próximos tempos, temos: excitação, instabilidade, sangue, demagogia a rodos, “guerras fratricidas”, verdadeiros “combates ao sistema”, Portugal a bater forte nos corações laranjas.

O vazio político é preenchido pelo show mediático, facilitando a vida dos meios de comunicação, sempre tão desejosos destes espectáculos mediáticos, de tanta manifestação de arrogância perante a subserviência canina dos jornalistas.

As personagens começam a desfilar pelo palco. Contam-se espingardas, os generais juntam as suas tropas, as tropas tentam perceber de onde pode sair o melhor tacho ou partido (que não seja politico). O Jardim avança ou não avança? “Não afasta definitivamente” a hipótese. O Patinha já lá vai, seguido pelo Coelho, haverá Leite para todos, e o Sr. Silva quem apoiará? E o Bota, o Ribau?, onde andará o Mendes, será que também vai?

Quanta angustia no rosto dos jornalistas quanta incerteza? E procuram falar com o Neto, com o Sarmento, o Velosa, o Pedro (são tantos), o Antão, o Manuel. A Manuela avança e estrondo, foguetes no ar, câmaras, flashes, noticias de abertura de telejornais, o Santana reincide e vai à luta (agora se viesse o Alberto é que era bom). Do alto da sua cátedra o Marcelo fala da ala menezista, da ala santanista, da ala leitista, da ala coelhista, da ala patinhista e explica estratégias, faz descer luz sobre os espíritos gentios acerca das profundas razões que levam o Cadilhe a permanecer à margem deste Rio de disparates.

O candidato avalia a sua “motivação”, “o grau da minha obrigação”, a “autoridade pessoal”, enquanto o outro é “pressionado a desistir”, mas continua “fiável” e há as lebres, os que são para entreter à espera do Rui e os… Se calhar uma jogada de mestre era contratarem o Sócrates e assim podiam assegurar a conquista do próximo campeonato, assim como assim se calhar o Júdice é que tem razão?

E no meio disto tudo alguém os ouve discutir alguma coisa que, parecida seja com politica?

sábado, 26 de abril de 2008

Chavez convida Os Simpsons para tomar chá no Palácio de Miraflores

O canal de televisão privado venezuelano Televen, continua a transmitir a série Os Simpsons, agora às 19.30, tal como tinha sido solicitado pela Conatel, curiosamente o episódio transmitido na passada quarta-feira dia 23 (ver excerto do episódio aqui), ridicularizava e criticava os processos de recrutamento de jovens para o exército americano.

Os meios de comunicação que foram tão céleres a reproduzir a mentira de que Chavez proibira os Simpsons, permanecem agora silenciosos. No fundo eles não foram mais que acéfalas caixas de repetição e amplificação de uma mentira deliberada, cujo objectivo era pôr milhões de cidadãos, melhor ou pior intencionados, a comentarem e a censurarem uma atitude de Chavez.

Em milhares de locais da esfera real onde vivemos, milhões reproduziram e comentaram aquela “informação”. Nascendo anedotas, sedimentando-se preconceitos. Tirando-se conclusões, de uma mentira, de uma falsificação grosseira.
A máquina conseguiu que milhões saibam que Chavez fez o que não fez, que pensa o que não pensa e concluam o que os donos da máquina querem que concluam.

Como Homer Simpsom, sem reflectir, sem previamente criticar a informação recebida, milhões hoje censuram a Hugo Chavez um acto que não praticou.
E “factos” com este são criados e disparados às dezenas todos os dias.

Nota : Os Simpsons estão classificados nos EUA para maiores de 13 anos.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

25 de Abril

Há uma lição que o 25 de Abril me ensinou, que não esqueço nunca mais e tudo farei para passar às gerações vindouras:

Nada está definido, nada é eterno, o dia de amanhã pode ser o início de uma coisa maravilhosa, de um mundo novo. Um outro mundo é possível! Por mais que os dias de hoje pareçam tão sem esperança, tão cinzentos. Por mais que os “senhores” que nos governam queiram sequestrar o futuro do mundo!

Os cravos de Abril

Este medo de olhar em frente
de viver
a vida sem ser vivida
de sermos nós de fugida.
Esta saudade do que não seremos
esta raiva que nos morde
Sufocamos
Mirramos

E tu continuas esperança
botão sem flor, ausente, carmim.
Apenas cravo na lembrança
nesta solidão de mim,
nesta noite sem rosto,
nesta noite sem fim.!

Esta pata de sangue que nos pisa
esta
estas palavras que nos sufocam
este medo que nos aterroriza
esta raiva que nos
Apodrecemos.
Morremos.

E tu continuas ânsia
botão sem flor, cor de carne
cravo sonhado à distancia
no nosso corpo de mármore
que sangra até se esvair.
È tarde.
E tardas tanto a florir!

Este silêncio que nos consome
este consenso que nos cega
esta luz lívida da madrugada
tapada pelos sussurros
da liberdade
sonhada.

E os cravos floriram
numa sonhada madrugada,
no sitio menos esperado,
nas espingardas de Abril.

És flor intensa, cor de sangue
de vida, de sonhos, de amor
de paixão
as vozes caladas, sufocadas
erguidas do negro do chão,
neste espanto de existir
neste espanto de ser gente
gritaram para sempre,
para a eternidade:
cravo da Liberdade!

Meladi

quinta-feira, 24 de abril de 2008

25 DE ABRIL SEMPRE!






FASCISMO NUNCA MAIS!

A arrogancia da direita

A maioria PSD e CDS-PP na Assembleia Municipal de lisboa rejeitou no passado dia 22 de Abril a atribuição do nome do artista plástico Rogério Ribeiro a uma rua de Lisboa, que tinha sido proposta pelo PCP.

Troca 3

Continuando a Vamos amar o planeta, continua a entrega de poemas e pães para a troca pela porta e pela cadeira.

4º poema e 4º pão

Poesia

Encontrei-a numa imensa multidão
Onde ninguém se apercebia
Com tal imensa imensidão
Na qual facilmente se perdia

(o que encontrou foi a poesia)

O filho da padeira, 21 de março 2008

Receita
Desta vez a quantidade de farinha é a mesma no total, mas contém:
1/2 de centeio 70
1/4 de trigo para uso culinário
1/4 de trigo integral
e nada de sementes.

O renovar da utopia

Há um fenómeno que não esgota a claridade emocional eclodida há 34 anos: a renovação de uma bela utopia, revelada no número, cada vez mais elevado, de gente nova, atraída pelos prestígios de uma data feliz.

Venha o que vier, nada justifica o niilismo contido no "desencanto". Há uma História que nos pertence, um património moral inesquecível - e um outro país que reaviva o eterno projecto de um outro futuro.

Baptista Bastos, DN 24.04.08

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Um dia triste

O tratado de Lisboa, eufemismo para o que na verdade é o princípio de uma constituição europeia, foi aprovado hoje na Assembleia da Republica, sem grandes aparatos, quase silenciosamente, não fosse o cordato povo pôr-se a questionar o seu significado e conteúdo.

Aliena-se a soberania e não se discute, é esta a ideia de democracia que aqueles que aprovaram o tratado têm. Para eles o país é a sua coutada, onde eles são reis e senhores, o povo, o resto do pessoal, são só uns tipos que servem para eles sacarem o dinheiro e o resultado do seu trabalho. Mas porque esta mentira para se manter tem que aparentar algum esboço de democracia, regularmente o povo é chamado para participar no único acto de cidadania que lhe é permitido, colocar um boletim de voto numa urna para os eleger como senhores todo poderosos.

Hoje é um dia triste na história de Portugal, o futuro da nossa Pátria foi alienado sem que tivéssemos oportunidade de discutir as suas consequências e muito menos a possibilidade de nos pronunciarmos sobre a sua aceitação ou não.

Depois destes aldrabões profissionais, terem prometido em programas eleitorais com que ganharam o poder, que iriam fazer um referendo, agora aprovam-no vergonhosamente nas costas do eleitorado.

Metem nojo!

O cidadão consumido

O Rui Silvares no seu blog 100 Cabeças, coloca uma questão interessante à reflexão. Partindo da “descoberta” da Ana de que o conceito de cidadania está a ser substituído pelo conceito de “consumismo”, chega à conclusão que o direito à liberdade individual vai sendo substituído pelo direito ao consumo, com as pessoas a preocuparem-se mais com o que podem meter nos carrinhos de compras do que com a possibilidade de debater e intervir na construção da coisa social.

Concordo com ele e, na minha opinião tal facto não é inocente nem acontece por acaso, ele é resultado de um pensamento (ideologia) que procura empurrar os cidadãos para o conformismo e amorfismo políticos. O conceito de cidadania já procura esse objectivo, porque pressupõe que os cidadãos em geral têm problemas que são comuns, omitindo que na sociedade os objectivos e interesses de cada um têm a ver com a sua posição na estrutura económica da sociedade. Teoricamente todos teremos interesses na defesa do planeta, ricos e pobres, patrões e trabalhadores, mas se a defesa do ambiente puser em causa os interesses económicos de uma empresa, raramente quem está à frente dela hesita na posição a tomar.

A verdade é que o conceito de cidadania já não interessa à actual cultura do capitalismo (ele serviu enquanto o bloco socialista representava para ele uma ameaça) e por isso a sua ideologia colocou de parte qualquer resquício de solidariedade que nela persistisse, passou a defender uma ideia de felicidade que se esgota no consumo. O individualismo como meio para se alcançar o sucesso, que por sua vez se resume à aquisição de poder, dinheiro ou símbolos materiais. A responsabilização individual pelas dificuldades e problemas que cada indivíduo tem ou sente e a partir dai, fazer crer que os direitos adquiridos por gerações de trabalhadores, são injustificados privilégios, ao mesmo tempo que eles voltam a acumular privilégios, esses sim verdadeiramente obscenos.

Por fim colocam a “inevitabilidade” e “modernidade” de as novas gerações disporem de menos direitos e garantias, acabando por contribuir para a actual situação de crise financeira. O capital resolveu deixar de valorizar os salários, substituindo-os pela facilitação no acesso ao crédito, um direito era trocado pela criação de uma dependência, de certa forma transformava-se o trabalhador num escravo nas mãos dos bancos… o resultado está à vista de todos.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Famílias mais pobres sofrem inflação mais alta.

O último inquérito aos orçamentos familiares divulgado pelo Instituto Nacional de estatística (INE), mostra que quanto mais baixo é o rendimento do agregado familiar, maior é o peso no orçamento das despesas nos produtos onde, durante o último ano os preços subiram mais.

Cálculos feitos pelo jornal PÚBLICO, mostram que os agregados com um rendimento médio anual por pessoa inferior a 5 200 euros estão a sentir uma inflação igual a 3,6 por cento, ao passo que aqueles que têm um rendimento médio anual por pessoa superior a 31 200 euros, se ficam com uma inflação de 3,1 por cento.

Nos rendimentos intermédios, a regra é sempre seguida: quanto menor o rendimento, maior a taxa de inflação sofrida.

Este fenómeno ocorre porque, durante o último ano, os preços têm subido mais naqueles bens que, por serem essenciais, têm de ser forçosamente consumidos em quantidades quase iguais por todas as famílias, seja qual for o seu rendimento.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Jin Jing

Os meios de comunicação muito têm falado dos protestos dos seguidores do Dalai Lama contra a China, aproveitando a passagem da tocha olímpica e os próximos jogos olímpicos a realizar em Pequim. A situação é de tal forma que se aproveita tudo, quer sejam poucos ou muitos manifestantes, ou mesmo nenhum, tudo é motivo para se falar da pretensa ocupação do Tibete pela China.
Recordo-me que quando a tocha passou por Paris, uma das imagens das TV`s, era de um suposto tibetano, agarrado a uma ponte, aos gritos com ar de grande sofrimento (embora ninguém parecesse estar a molesta-lo), enquanto que em fundo passava a tocha olímpica. Era um bom enquadramento, para dar toda a ideia do sofrimento do povo “tibetano”.

Curiosamente, nenhum meio de comunicação referiu ou destacou a história da atleta paralímpica Jin Jing.
Jin Jing é uma esgrimista paralímpica chinesa e foi uma das atletas portadoras da tocha em Paris. Um manifestante “pró-tibetano” tentou tirar-lhe o fogo olímpico. A desportista, sentada na sua cadeira de rodas, protegeu a chama com o corpo e resistiu o tempo suficiente para que a policia francesa se ocupasse do atacante. A jovem de 27 anos, perdeu a perna devido a um tumor quando tinha 9 anos.

E é claro que os meios de comunicação, conscientes que o acto era pouco dignificante para a causa do Dalai Lama, preferiram omitir o facto.

domingo, 20 de abril de 2008

Acercadanoite

É com grande satisfação que se comunica que o bar "Acercadanoite", voltou a reabrir a sua porta, após duas semanas de interregno. Situação que provocou grande consternação em todo o colectivo do "Acercadanet", de tal forma que aqui no blog nem nos atrevemos a comentar o seu encerramento, com medo que a simples constatação do facto pudesse resultar na sua cristalização.
Porém e porque a Tulia existe, as coisas voltaram à sua relativa normalidade. As paredes estão ainda um pouco brancas, é certo, e fumar só mesmo cá fora, o que mesmo com chuva não se mostrou impossível.
É caso para dizer, que já podemos respirar de alivio!

sábado, 19 de abril de 2008

Portugal no bom caminho

Num discurso aos militantes socialistas e que a TV publica teve a gentileza de nos apresentar, José Sócrates, primeiro-ministro absoluto de Portugal afirmou que os portugueses reconhecem que “Portugal está melhor” e que o futuro “está mais assegurado”.

No entanto, no mesmo noticiário em que isto era afirmado, mas provavelmente noutro planeta, o Banco de Portugal chamava a atenção para os sinais de deterioração da economia portuguesa, com o consumo a diminuir e com os dados a demonstrar que pelo sexto mês consecutivo, a actividade económica continuava a desacelerar.

Como se pode ver, Sócrates sabe perfeitamente daquilo que está a falar.

Pacheco Pereira e os professores

O inteligentíssimo inteligente Pacheco Pereira, escreve no seu Blog Abrupto um texto sobre: “A LÓGICA DOS SINDICATOS E A LÓGICA DOS PROFESSORES”, que remata da seguinte forma:

«O PCP e os seus Sindicatos sabem, melhor do que ninguém, que precisavam como pão para a boca de um acordo e sabiam que o Ministério também precisava do mesmo. Um precisava de parecer que ganhava e o outro de parecer que cedia.
Foi por isso que, de repente, se chegou a um acordo que, pelos vistos, os “professores”, citados pelos jornais, entendem como uma derrota e não como a “grande vitória”. Percebe-se porquê: os professores que se manifestavam não queriam, na sua esmagadora maioria, nenhuma avaliação de desempenho, e vai continuar a haver avaliação. Eles sabem disso, os sindicatos sabem disso, a Ministra sabe disso, o resto é coreografia.»

Primeiro há que referir que propositadamente, este comentador transforma um entendimento com vista a não prejudicar os alunos neste 3º periodo num acordo, como se o caso estivesse já solucionado, o que não é de todo em todo verdade.

Depois Pacheco considera que os sindicatos dos professores estão ao serviço do PCP, mesmo que as maiores estruturas sindicais que fazem parte da FENPROF, tenham à frente direcções oriundas de listas que não foram apoiadas pelo PC, como é o caso do SPGL, já para não falar dos outros sindicatos que não fazendo parte da FENPROF também participaram nesta luta e que estão ligados à UGT.

Pacheco Pereira, nada inocente, transforma os sindicatos em meros objectos da vontade de partidos políticos, ele lá sabe das práticas do partido onde milita. A ideia é denegrir o papel dos sindicatos na defesa dos interesses dos trabalhadores.

Por fim PP conclui que na verdade o que os professores querem é não ser avaliados, tudo o resto são flores, e eu acrescentaria que como funcionários públicos e grandes malandros que são, o que eles querem é não fazer nada!

E claro que o facto de nove em cada dez escolas terem aprovado o entendimento entre os sindicatos e o governo, tambem não significa nada para PP.

A Madeira é um jardim

Um estudo do ISCTE de2005 sobre a territorialização da pobreza em Portugal, afirma que os níveis de pobreza na Madeira aparecem muito acima da média nacional, mais de 83 mil pobres e um grau de risco de pobreza monetária na ordem dos 34%. O relatório do ISCTE deu fundamento ao Plano Nacional para a Acção da Inclusão, documento entregue por Portugal junto das instituições comunitárias.

Solicitada a comentar o cenário traduzido pelo relatório, Maria Cavaco Silva disse "não gostar de números". "Como não falei com o ISCTE não posso responder. Mas honestamente não acredito nisso. Não li o relatório, nem vou lê-lo! As pessoas da Segurança Social que falaram aqui comigo disseram-me que vão entrar em contacto directo com o ISCTE. Mas isso é com elas, não é comigo”, afirmou.

Pelas conversas de três dias, Maria Cavaco Silva concluiu que a pobreza na Madeira "não tem significado.”

Entretanto a TV brindou-nos com imagens de Cavaco e Silva, com aquele ar inteligente que caracteriza a sua pessoa, a afirmar para uns petizes que de sorriso estampado nas faces plantavam umas árvores: “há um silva que vocês não vão plantar aí. Que sou eu.”
E riu-se muito, contente com o seu brilhante sentido de humor, na companhia das crianças que por momentos ficaram com ar interrogativo.

E assim se passou mais um "dia perfeito e soberbo" sob um "sol lindo", na vida do Presidente da República.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Regresso ao passado

Foi com alguma comoção que ontem assisti no Telejornal da RTP1 às imagens do nosso Presidente da Republica a ser recebido por centenas, de crianças na ilha da Madeira. Foi enternecedor ouvir Cavaco Silva, com aquela expressão inteligente que o caracteriza, balbuciar: “Tanto menino!...”, ao lado sorridente, e estranhamente calmo, no aceitar da secundarização da sua pessoa, estava João Jardim.

Fez-me lembrar o saudoso ano de 1973, quando o então Presidente, Américo Tomáz, veio visitar Almada na altura em que esta passou da condição de Vila à condição de Cidade. Também na altura o Director da escola preparatória D. António da Costa resolveu arrebanhar os alunos para irem receber o Sr. Almirante, e como ele, o mesmo fizeram os directores das outras escolas, proporcionando uma juvenil recepção a sua Excelência. Parecia a Madeira ontem.
É claro que em 73, aproveitei a folga proporcionada pela visita de tão excelsa figura para ir com alguns colegas dar uns mergulhos na praia que existe junto ao ponto final.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Querem Salvar a Economia?

Espalhem a riqueza e dêem um aumento aos trabalhadores

Michael Hudson:
"A livre empresa sob as condições financeiras de hoje ameaça provocar uma centralização sem precedentes de planeamento, não nas mãos do governo mas sim de conglomerados financeiros e administradores do dinheiro. Quando o poder de planeamento do governo é destruído ele fica disponível para ser tomado, com um monte de exorbitâncias deixadas para os políticos cujas campanhas eles apoiaram e que "descerão do céu" para empregos muito bem pagos no sector privado, estilo japonês, depois de terem efectuado o seu serviço para o novo regime.
Pergunta: O regime financeiro não é constituído senão por parasitas?Michael Hudson: "O problema com parasitas não é apenas o facto de eles sugarem o alimento e nutrição do seu hospedeiro, enfraquecendo o seu poder reprodutivo, mas sim de que eles se apossam também do cérebro do hospedeiro. O parasita engana o hospedeiro levando-o a pensar que está a alimentar-se a si próprio.
"Algo assim está a acontecer hoje quando o sector financeiro devora o sector industrial. O capital financeiro pretende que o seu crescimento é formação de capital industrial. Eis porque a bolha financeira é chamada "criação de riqueza", como se ela fosse o que reformadores económicos progressistas imaginaram um século atrás. Eles condenaram a renda e o lucro de monopólio, mas nunca sonharam que os financeiros acabariam por devorar os proprietários da terra e os industriais. Os Imperadores da Finança venceram os Barões da Propriedade e os Capitães da Indústria".
(Michael Hudson, "The Coming Financial Reality", Counterpunch, entrevistado por Standard Schaefer.)
Via http://resistir.info/crise/whitney_12abr08.html
artigo completo aqui

Sobre as eleições italianas

«O que se nos propõe como realidade está repleto de logros, embustes e ilusões. Em nome da "democracia liberal" (que mais não é do que "democracia financeira") há a intenção de se instaurar e consolidar uma ordem despótica. Não há alternativa, proclamam. Há. Desde que a regulação dos conflitos admita que as formas de infelicidade social têm origem nas deformações políticas.

Silvio Berlusconi reaparece por impossibilidade de uma esquerda cuja deriva ultrapassa qualquer capacidade de cálculo, e de uma direita doente de domínio e defensora de doutrinas obsoletas. O que nos remete para o problema da democracia. Que está em perigo, não só em Itália. Basta que olhemos em volta: a grosseria espezinha qualquer tipo de civilidade. É a vitória dos porcos, como escreveu Orwell.»

Baptista-Bastos, D.N.- 16.04.08

Troca 2

Continuando a rubrica "Vamos amar o planeta", onde entre outras coisas se propõe a troca de objectos reutilizáveis por alimentos, flores, gasóleo, bilhetes de cinema e espectáculos, ou outros produtos perecíveis ou que não ocupem espaço
As primeiras, propõem a troca de uma cadeira e de uma porta , e continua a efectivar-se. A cadeira foi trocada por 10 poemas, que o filho da padeira vai compondo, e a porta branca por 10 pães que vão sendo executados pela padeira.

Apresentamos de seguida o 3º poema e o 3º pão.
Poema
Não tenho poetas
Mas de poesia estou cheio
Até a tenho nas cuecas
E vou com ela para o recreio

O Filho da Padeira 21 de Março de 2008

Receita

A receita é em tudo igual á do pão anterior só que em vez de aveia levou espelta e o pão ficou mais moreno. No lugar de sementes de girasol levou trigo sarraceno.
Em tudo o resto é igual.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Vampiros

A Caixa Geral de Depósitos (CGD), está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que começa, como mandam as boas regras, por reafirmar o empenho do banco em oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço/qualidade em toda a gama de prestação de serviços.

Após novo parágrafo sobre racionalização e eficiência da gestão de contas, o estimado(a) cliente é confrontado com a informação de que para continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, terá de ter em cada trimestre um saldo médio superior a 1000€, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras associadas à respectiva conta.

Ora sucede que muitas contas da CGD, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal. É o caso de um reformado por invalidez, septuagenário, que sobreviva com uma pensão de 243,45€ e que para ter direito ao piedoso subsídio diário de 7,57€, foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da segurança Social.

Casos como este são muitos, de portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza, não podendo de todo, preencher os requisitos impostos pela CGD e tão pouco dar-se ao luxo de pagar despesas de manutenção de uma conta que foram constrangidos a abrir.

O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Internacionalização do Mundo

A notícia não é recente, mas o discurso é verdadeiramente interessante.

por Cristovam Buarque*


Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.
O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha.
De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.


Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.
Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.

Via: http://www.picarelli.com.br/clipping/clip17062004a.htm

(*) No primeiro semestre de 2004, Cristovam Buarque foi demitido do ministério da educação por Lula. Sobre sua saída do PT, declarou[2]: "Eu não sai do PT, foi o PT que saiu de mim. Este é o grande crime do PT. O partido é de gente honesta, mas acomodada. A corrupção é de alguns petistas." Após cogitar sua permanência no senado como "independente", decidiu ingressar no Partido Democrático Trabalhista (PDT), com o qual tem afinidades antigas, tendo participado da campanha de Leonel Brizola à presidência em 1989. Sua proposta de transformar a educação em grande prioridade nacional é uma continuidade das idéias de Darcy Ribeiro, que foi um importante formulador das políticas educacionais do PDT.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristovam_Buarque

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O lixo acumula-se em Italia

Milhares de toneladas de lixo acumulam-se nas ruas de Nápoles desde o início do ano, depois dos depósitos da cidade terem alcançado o seu limite máximo.
A origem do problema está na máfia napolitana que transformou o lixo num negócio altamente lucrativo.

"Aqui, não vemos ratos correndo e nem sentimos o cheiro do lixo, Mas sei que o problema é grave fora do centro da cidade.", afirmou Mariaclaudia Cardinale, directora do Grand Hotel Vesúvio, em Nápoles na altura em que em virtude da crise gerada pela acumulação do lixo, este estabelecimento fechava as portas.
Como se não bastasse já tanto lixo por terras de Itália, a direita italiana dirigida pelo milionário Silvio Berlusconi é o mais que provável vencedor das eleições legislativas de ontem e hoje em Itália, de acordo com as mais recentes sondagens feitas à boca das urnas e publicadas a poucas horas do encerramento da votação.

domingo, 13 de abril de 2008

Fotos de fim de século

Foto de José Maria frade

CORTINAS DE FUMO

RTP não "deveria aceitar" trabalho de Fernanda Câncio.

Até acredito que possa haver (ou não), algum favorecimento da jornalista em causa, face à propalada relação com José Sócrates.
Mas tentar dar a esta notícia um tratamento semelhante aos casos dos grandes “tachos” de ex ministros na banca e nas administrações das grandes empresas, é tentar misturar tudo, lançar uma cortina de fumo para que nela se envolvam e disfarcem, os verdadeiros escândalos que, dia a dia são notícias nos vários meios de comunicação.
Esses sim, vão enchendo os bolsos dos filhos do regime, enquanto os enteados e os deserdados, vão assistindo impotentes ao desbaratar do erário público.

Ver notícia completa: http://dn.sapo.pt/2008/04/13/nacional/psd_lanca_ataque_a_vida_privada_jose.html

O pluralismo em números

A Entidade Reguladora da Comunicação social (ERC), no seu relatório anual sobre pluralismo nos media, constatou que no programa semanal «Prós e Contras», num total de oito edições em que intervieram membros do Governo e dos partidos políticos, durante os últimos quatro meses de 2007, o Governo e o PS foram representados por 62,5 por cento do total de convidados. Seguidos pelo PSD (18,8), o CDS-PP (12,5) e o BE (6,3). «Não se identificaram presenças de actores do PCP e do Partido Ecologista “Os Verdes”», cita o referido relatório.

O relatório está disponível em www.erc.pt

sábado, 12 de abril de 2008

Só podem ser muito bons, só podem!

Bem Bernanke presidente (Chairman) da Reserva Federal americana terá em 2008 o salário anual de $191.300 (121.882€, segundo a actual taxa de cambio). O salário dos restantes membros da direcção da RF incluindo o seu vice-presidente é de $172. 200 (109.713€).

Consultando a página do Banco de Portugal, ficamos a saber que o seu governador (e que bem que ele se governa), Dr. Vítor Constâncio, recebeu em 2007, o bonito salário de 249.448€, sendo brilhantemente acompanhado pelos seus 2 vice-governadores e 3 administradores que receberam 233.857€ e 218.266€, respectivamente.

Ora tendo em conta que as decisões que o presidente da RF americana toma, nomeadamente as alterações às taxas de juro da moeda americana, são decisões que afectam a economia mundial, ou seja a todos nós e que, o Dr. Vítor Constâncio nem na moeda com que nos governamos pode mexer, se nos lembrar-mos ainda dos recentes acontecimentos no BCP, em que o papel do Banco de Portugal foi nulo, podemos perguntar-nos para que serve esta gente e o porquê de tão rechonchudos salários?

De certeza que só pode ser por eles serem muito bons, só pode! Não se sabe é em quê.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Binólogo












Hoje, dia 11 de Abril, pelas 21.30h, no Fórum Municipal Romeu Correia, Almada, a Cultideias apresenta o espectáculo de teatro / dança “Binólogo”.
Texto adaptado de duas histórias do livro “A realidade agora a cores” de Rui Zink
Dramaturgia de Célia MS Ramos
Criação de Catarina Ascensão, Célia MS Ramos e Rui Alves
Interpretação de Catarina Ascensão e Célia MS Ramos
Figurinos de Marisa Carboni
Imagem de Rui Palha

Desenho de luz de Rui Alves

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Agora Chavez persegue os "Simpsons"

Imaginemos que a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), requer a um canal de televisão em Portugal, que altere o horário de emissão de uma série, por não considerar adequada a sua emissão em horário infantil, imaginemos ainda que essa série é “Os Simpsons”. Alguém acha que faria algum sentido a imprensa nacional pôr-se a noticiar que “Sócrates proíbe os Simpsons”, ou que a imprensa internacional se pusesse a afirmar coisas do tipo “Os portugueses não podem ver os Simpsons”, “Portugal censura a emissão dos Simpsons”.

É evidente que é difícil imaginar essa situação, que no mínimo seria considerada ridícula. Agora se isso acontece na Venezuela, então as coisas mudam de figura. Vejamos alguns títulos de imprensa em castelhano das últimas horas.
Los venezolanos no podrán ver 'Los Simpson' LaGuiaTV.com
Venezuela prohibe la emisión de "Los Simpson" Xornal
'Los Simpson', prohibidos para los niños en Venezuela El País
Venezuela: salen los Simpsons BBC Mundo
Chávez censuró Los Simpsons La Cuarta
Venezuela veta 'Los Simpson' por ser mala para los niños Reuters Esp.
CHÁVEZ 'ESTRANGULA' A LOS SIMPSONS PR Noticias
Venezuela prohíbe la serie televisiva Los Simpsons El Ciudadano
Venezuela no verá más a los Simpsons El Diario de Hoy
Hugo Chávez ataca hasta a los dibujitos animados InfoBAE.

Até o “nosso” jornal Público não podia faltar à festa e noticia hoje (10.04.08) na sua primeira página: “Venezuela proíbe Simpsons e vai substitui-los por Marés Vivas”, assim como o Diário de Noticias que na edição do mesmo dia afirma em titulo “Os Simpsons banidos da TV venezuelana”.

O que na verdade aconteceu na Venezuela, foi que o organismo regulador, Comissão das Telecomunicações venezuelano (CONATEL), depois de receber várias queixas, determinou que a série “Os Simpsons” devia abandonar o horário infantil (11horas da manhã), em que emitia na cadeia de televisão “Televen”, por considerar que o conteúdo da série não se adequava aquele tipo de público, podendo continuar a emitir a série fora desse horário.

São pois falsas e disparatadas as notícias da proibição. A série não foi proibida, não se impediu a sua emissão (só mudou de horário), os venezuelanos podem continuar a vê-la, nem sequer se impede as crianças de ver a série (podem fazê-lo fora do horário infantil), e segundo consta, Chavez nunca se pronunciou sobre a série, não se sabendo até ao momento, se a aprecia ou não.

A única censura que “Os Simpsons” sofreram, foi na mui estadounidense FOX, que censurou num capítulo a frase:” This sure is a lot like Irak will be”, que se poderá traduzir como “Isto se parece muito ao Iraque”. Fazendo referencia à imagem devastada da cidade de Springfield, que pelos vistos foi atacada pelos marcianos, com o argumento de que possuíam armas de “desintegração” massiva.

Curiosamente “Os Simpsons” são emitidos em Portugal na RTP2, por volta das 21horas, bem longe do horário infantil da manhã e não consta que alguém se tenha queixado de censura.

Solidão

Chegas devagar:
Silenciosamente,
passo a passo ás escondidas,
a pairar, fingida, furtiva.
A surgir no vazio dos meus olhos
nas ausências do meu regaço,
no sofrimento das muitas partidas
sem chegadas, traídas, sofridas!

Chegas, traiçoeira:
Lentamente,
a dizer-te, só minha, inteira
dançando com ardis de sedução
a fingires ser tua, a minha razão.
E eu, sem saber que estás aqui
a ficar, dolorosamente, grávida de ti.

Chegas,
Funestamente,
Com esse perfume doce de cera,
esse manto frio, cego de cetim
a quereres ser pele da minha pele,
nessa Sorte de seres tu em mim.
E tu, habilmente,
ensaias o teu beijo de morte!

Não,
não quero estar conformada.
quero a raiva de todo o mal,
quero a esperança da chegada.
Quero desnudar o meu peito á lua,
mergulhar noutro mar, no do amor que flutua
ficar limpa do teu viscoso sal,
e de alma nua,
salvar-me, de novo, do teu areal.

Meladi

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Troca

Há cerca de três semanas demos inicio a uma rubrica/etiqueta no blog com o titulo "Vamos amar o planeta", onde entre outras coisas se propunha a troca de objectos reutilizáveis. As duas primeiras, propunham a troca de uma cadeira e de uma porta por alimentos, flores, gasóleo, bilhetes de cinema e espectáculos, ou outros produtos perecíveis ou que não ocupem espaço.
Pois bem a primeira troca acabou de se efectuar. Quem vai ficar com estes objectos é a Padeira de Aljubarrota e o seu filho. A cadeira foi trocada por 10 poemas, que o filho da padeira vai compor, e a porta branca por 10 pães que obviamente serão executados pela padeira.
Apresentamos de seguida o 2º poema e o 2º pão.

Poema

Por mais que o faça não consigo tentar,
Pois quem levou o fazer
Também me há-de levar
Juntamente com o trigo para a erva erguer.


Filho da Padeira 21 de Março 2008

RECEITA

100 ml leite
400 ml água
2 g de sal
4 g de açúcar
Umas gotas de azeite
250 ml farinha de milho integral
250 ml farinha de aveia integral
250 ml farinha de centeio integral
250 ml farinha de trigo 65
2 medidas peq de fermento (4 gramas)
Sementes (linhaça, papoila, sésamo, girasol)
10 g de passas

Padeira de Aljubarrota

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Dizer a verdade em público

Pedro Jorge, Electricista e dirigente sindical, interveio no Programa Prós e Contras de 28/1/2008, cujo tema era a situação económica, criticou o governo, os patrões, inclusive os seus.
Este facto, foi o motivo invocado esta semana pelo patrão para lhe mover um processo disciplinar para despedimento.
Para ver as declarações do Pedro Jorge no programa ir aqui.

sábado, 5 de abril de 2008

Obrigados a declarar orientação sexual

A partir de agora, todas as pessoas que queiram financiamento público para o teatro no Reino Unido deverão declarar a orientação sexual de todos os principais responsáveis da organização que fez o pedido, segundo decisão do Art Council, entidade britânica que administra recursos para a cultura.
Ver noticia aqui.

Os Novos Terroristas

É claro que os novos terroristas, como os antigos, são sempre criados por aqueles que, de uma ou outra forma, dominam e tornam exclusivo o que deveria ser de todos.
Os métodos podem variar. Podem dizer-se democratas, amigos da liberdade, o que lhes der mais jeito, mas o fim é sempre o mesmo, isto é, possuir o maior quinhão da riqueza que todos (ou quase todos) constroem.
Não ver, ou esquecer isto, é ser conivente com a roubalheira que os mais poderosos (com dinheiro armas e astúcia) mundialmente institucionalizam.
Desabafo decorrente do artigo "Os novos Terroristas" de Boaventura Sousa Santos em Visão

Os Novos Terroristas

Sobre a incursão do exército Colombiano em território do Equador parece estar tudo dito, tanto mais que é um caso encerrado e bem encerrado. Na verdade, assim não é. O que sobre ela se revela é tão importante como o que se oculta. Primeira ocultação: os processos políticos na América Latina estão a por em causa o controle territorial continental de que os EUA necessitam para garantir o livre acesso aos recursos naturais do continente. Trata-se de uma ameaça à segurança nacional dos EUA que, perante o iminente fracasso das respostas “consensualizadas” (comercio livre e concessões de bases militares) tem de ter uma resposta musculada e universal.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

A Universidade pública ao serviço do interesse privado.

Entre 1995 e 2004, a despesa pública por estudante do ensino superior em Portugal diminuiu e constitui uma das maiores quebras entre os 24 países da OCDE. Em 2004, só 4 países gastaram com o ensino superior menos que Portugal: a Turquia, Itália, estónia e Rússia.
“O investimento desceu ligeiramente, mas aumentou a possibilidade de as instituições de ensino superior atraírem investimentos privados”, afirmou no passado dia 3 de Abril o ministro da Ciência e do Ensino Superior, Mariano Gago.

A afirmação do ministro enquadra-se no espírito da Convergência Europeia para o Ensino Superior, apresentada como uma revolução para colocar a Universidade “ao serviço dos novos desafios sociais”.
Na verdade o seu objectivo é pôr a Universidade pública ao serviço das empresas. A receita é simples: o financiamento público subordina-se à prévia obtenção de “fontes exteriores de financiamento”, ou seja, privadas.

Na prática isto significa que de futuro, toda a arquitectura do mundo académico (disciplinas, cátedras, departamentos, faculdades, planos de estudo, projectos de investigação, etc.) se vê forçada a moldar-se aos interesses empresariais e às suas prioridades de investigação. Colocando toda a estrutura Académica, dependente dos objectivos do imprevisível mundo empresarial, anárquico e cada vez mais dependente da economia de casino que são as bolsas.

Não pretendem privatizar a Universidade, é muito mais rentável colocá-la ao serviço de interesses privados. Ao aplicar o financiamento público em projectos que já gozam de “fontes externas” de financiamento, o que se está a fazer na verdade, é subvencionar com dinheiros públicos actividades empresariais privadas.

As empresas privadas já não se contentam em pagar cada vez menos impostos, querem também o dinheiro dos contribuintes e a isso chamam: “pôr a Universidade ao serviço da sociedade”.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Outras ideias sobre o Tibete

Os recentes acontecimentos no Tibete, têm sido motivo para uma massiva campanha de difamação e de deturpação, por parte da esmagadora maioria dos meios de comunicação, conservadores, da realidade e da história chinesa.

O método é semelhante a outras campanhas do “pensamento único” conservador: as ideias e os factos não se discutem, não se apresentam os diversos pontos de vista sobre uma dada situação. Define-se os maus, que são maus porque sim e os bons, que o são… porque sim.

No sentido de fornecer visões diferentes a este acéfalo “pensamento único” coloquei uma série de artigos no blog “acercadasideias”, sobre o Tibete, a sua história e a história do Dalai Lama e da sua seita budista.
Exemplos de manipulação informativa sobre o Tibete

Os boys vão para os jobs, os Kotas para administradores!


Jorge Coelho vai para a administração da Mota/Engil, uma empresa de um sector de actividade que tutelou enquanto ministro.
Embora cheio de excelentes ideias de adjectivos óptimos para classificar esta coisa já recorrente e cansativa, confesso que começam a faltar-me palavras suficientemente "decentes" para veicular essas ideias sem ofender os meus leitores, pessoas de "sensibilidade apurada" e muito acima destas nojeiras.
Mas ainda há paciência para isto?!

Post roubado do Cantigueiro

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Jogar a vida na lotaria?

Nos Estados Unidos, 47 milhões de habitantes não têm direito à segurança social.
Para remediar em parte a situação, o estado do Oregon teve uma ideia original: sortear dez mil seguros de saúde através de uma lotaria.

A ideia pode não resolver o problema dos seus 600 mil habitantes (16% da população do estado), não suficientemente pobres para recorrer ao programa do governo federal Medicaid, mas que não têm dinheiro para pagar o seguro.

“É melhor que nada. Dá-nos uma pequena esperança” disse à KMTV Shirley Krueger, de 61 anos, que não ganha para pagar a insulina que tem de tomar devido à diabetes.

Louanne Moldovan, habitante de Portland mostrou à BBC as contas para pagar que acumula há anos devido à doença de Crohn. Ao todo Moldovan, desempregado, diz ter gasto 15 mil dólares que não sabe como pagar. “É patético e repugnante ao mesmo tempo. Mas é uma necessidade porque não tenho como pagar”.

Para Jonh Duke, director da clínica Outside In, em Portland, onde 90% dos pacientes não têm seguro de saúde, a lotaria “dá esperança aos poucos que são escolhidos, mas revela um problema mais profundo”. “É apenas um penso rápido”, garantiu à BBC, mas “diz muito sobre o sistema de saúde no Oregon e nos Estados Unidos em geral”.

Todos os anos dezenas de milhares de americanos morrem por falta de cuidados de saúde, uma vez que não têm seguro. Um estudo do Urban Institute revela que em 2006, morreram 22 mil adultos por essas razões.

Diário de Noticias 01.03.08

Os pobres que paguem a crise!

Os bancos pagaram, no ano passado, menos 28,7% de impostos ao Fisco do que em 2006, apesar de terem aumentado os lucros em mais 9%.

Ou seja, entraram menos 156 milhões de euros nos cofres do Estado. Mas mais do que esta queda de impostos, os dados divulgados ontem pela Associação Portuguesa de Bancos (APB) mostram que, proporcionalmente aos ganhos, a banca pagou menos impostos. Esta evolução é demonstrada pela taxa efectiva de imposto paga em 2007, assim, no ano passado, a taxa ficou-se pelos 13,6%, face aos 19,4% de 2006. Um valor muito abaixo da taxa nominal de IRC que está fixada nos 25%, para as restantes empresas.

E ainda dizem os “liberais”, que o pessoal nada tem a ver com as reformas milionárias que os gestores da banca privada auferem, porque dizem… são privados.

Diário Económico 01.03.08

terça-feira, 1 de abril de 2008